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Espanha, Irlanda e Noruega reconhecem Estado da Palestina – 28/05/2024 – Mundo

Quase uma semana depois de anunciar que reconheceriam o Estado da Palestina, Espanha, Irlanda e Noruega oficializaram a medida. A iniciativa, que pode inspirar outras nações da Europa Ocidental, foi recebida com otimismo por líderes palestinos e abriu uma crise com Israel.

Ao oficializar o reconhecimento, nesta terça-feira (28), os países disseram esperar que a medida acelere os acordos para um cessar-fogo na guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, que completa oito meses no dia 7 de junho e já matou mais de 36 mil pessoas, de acordo com a facção.

O reconhecimento acontece após mais de 70 anos de conflito na região, durante os quais mais de 140 países legitimaram o Estado, de acordo com a Autoridade Palestina.

No entanto, ter apoio de três quartos dos 193 países-membros da ONU, incluindo o Brasil, não garante a adesão a órgãos internacionais, já que nações como Estados Unidos, Canadá, França, Austrália e Japão atrelam o eventual reconhecimento a um processo de paz.

Em um comunicado, o primeiro-ministro irlandês, Simon Harris fez um apelo a seu homólogo israelense, Binyamin Netanyahu, “para que escute o mundo e detenha a catástrofe humanitária que estamos vendo em Gaza”. “Queríamos reconhecer a Palestina ao final de um processo de paz, mas fizemos este movimento ao lado da Espanha e da Noruega para manter vivo o milagre da paz”, afirmou o centrista.

Já o chanceler da Noruega, Espen Barth Eide, disse que esta terça era “um dia especial” para as relações entre seu país e a Palestina. “Há mais de 30 anos, a Noruega tem sido um dos mais fervorosos defensores de um Estado palestino”, afirmou o ministro.

Dublin e Oslo não surpreenderam ao tomar essa decisão.

Governada por séculos pelos britânicos, a Irlanda se tornou independente em 1921 e sempre se identificou com o movimento nacionalista da Palestina —que também esteve sob controle do Reino Unido, no chamado Mandato Britânico, até a fundação de Israel, em 1948.

Já a Noruega sediou as negociações dos Acordos de Oslo, que prometiam a paz entre israelenses e palestinos e culminaram no famoso aperto de mão entre o israelense Yitzhak Rabin e o palestino Yasser Arafat, em 13 de setembro de 1993, na Casa Branca.

A decisão da Espanha, por sua vez, foi a mais inesperada, embora o país tenha desempenhado um papel importante no processo de paz ao acolher uma conferência em 1991 que abriu caminho para os Acordos de Oslo.

Foi o governo espanhol o responsável por encabeçar a iniciativa desta terça. Um dos líderes europeus mais críticos da conduta de Israel na guerra, o primeiro-ministro Pedro Sánchez chamou a decisão de histórica.

“Atuamos conforme o que se espera de um grande país como a Espanha. Não é apenas uma questão de justiça histórica, é a única maneira de avançar para a solução de um Estado palestino que convive com o Estado de Israel em segurança e em paz”, afirmou o socialista ao oficializar sua mais importante medida de política externa desde que chegou ao poder, em 2018.

Nas escadas do Palácio La Moncloa, sede do governo, Sánchez afirmou que o país reconheceu “um Estado com Cisjordânia e Gaza conectadas por um corredor e unificadas sob o governo da Autoridade Palestina”.

A entidade foi criada nos Acordos de Oslo para administrar temporariamente o território ocupado por Israel antes da criação de um Estado palestino independente, o que nunca se concretizou. Controlada pelo Fatah, que governa a Cisjordânia, e liderada pelo presidente Mahmoud Abbas, a Autoridade Palestina exclui o Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2006.

A não ser que uma mudança seja acordada entre Israel e Palestina, Madri reconhecerá a fronteira pré-1967, de acordo com Sánchez.

Naquele ano, Israel anexou diversas regiões durante a Guerra dos Seis Dias, incluindo a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. Desde então, a Palestina diminui pouco a pouco à medida que colonos israelenses ocupam áreas cada vez maiores do território reivindicado pelos palestinos.

Em mais uma retaliação desde a crise que se abriu entre os países europeus e Tel Aviv desde o anúncio do reconhecimento, na quarta-feira passada (22), o chanceler israelense, Israel Katz, afirmou nesta terça que Sánchez é cúmplice do assassinato do povo judeu e de crimes de guerra por não demitir sua segunda vice, Yolanda Díaz. Ela afirmou, em um vídeo, que a Palestina “será livre do rio ao mar”.

Nos últimos dias, o chanceler publicou vídeos que mesclam elementos da cultura dos três países com frames do ataque terrorista de outubro, sugerindo que a iniciativa favorece o Hamas.

Sánchez respondeu às provocações nesta terça ao afirmar que a decisão não é contra Israel, com quer ter “a melhor relação possível”. “Queremos mostrar nossa rejeição categórica ao Hamas, que é contra a solução de dois Estados. A Espanha condenou desde o primeiro momento o atentado. A Autoridade Palestina é o nosso parceiro para a paz”, disse ele.

Já o ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel Albares, foi mais incisivo ao afirmar que o país não seria intimidado. Segundo ele, os três países darão “uma resposta coordenada, serena e firme” ao que chamou de ataques e provocações.

A questão é controversa dentro da União Europeia. O país mais perto de seguir os passos do trio é a Eslovênia, enquanto o Parlamento da Dinamarca votou contra um projeto de lei para reconhecer a Palestina nesta segunda. Já França e Alemanha não consideram este um bom momento para discutir a medida.

Fonte: Folha de São Paulo

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