A defesa de Sean Combs, o rapper P. Diddy,tentou derrubar nesta sexta-feira (27), o último dia do julgamento, as acusações que o colocaram no banco dos réus por associação criminosa e tráfico sexual, assegurando que, por trás delas, há simplesmente uma questão de dinheiro.
O advogado Marc Agnifilo, em seus argumentos finais, reconheceu que as relações de Diddy Combs, de 55 anos, com suas acusadoras eram complicadas, mas negou que estivessem marcadas pelo “clima de medo” descrito pela promotoria.
A promotoria apresentou ao júri que decidirá o destino do réu uma versão menos idílica após revisitar os depoimentos de 34 testemunhas e as mensagens, gravações telefônicas e vídeos de sexo explícito exibidos durante mais de sete semanas de julgamento.
A promotora Maurene Comey disse nesta sexta-feira na réplica que, quando Diddy, que por décadas foi uma das pessoas mais poderosas da música, cometeu seus crimes mais evidentes, “ele tinha ultrapassado tanto o limite que nem sequer podia vê-lo”.
“Em sua mente, ele era intocável”, afirmou aos jurados ao rebater a defesa. “O réu nunca pensou que as mulheres que ele abusou teriam a coragem de dizer em voz alta o que ele tinha feito. Isso termina neste tribunal. O réu não é um deus.”
Acusado de associação criminosa, tráfico sexual forçado e transporte para prostituição, se for considerado culpado, Combs pode passar o resto de seus dias na prisão. De acordo com a promotoria, esses abusos foram cometidos com a ajuda de “fiéis tenentes” e “soldados rasos” que existiam para atender às suas necessidades.
No centro de sua argumentação está a afirmação de que os funcionários de maior escalão —incluindo seu chefe de equipe e os seguranças, nenhum dos quais testemunhou— estavam cientes de suas ações e as facilitaram.
Na segunda-feira, o juiz Arun Subramanian dará instruções ao júri para que possam aplicar a lei com base nas provas apresentadas no julgamento. Quando começarem a deliberar, os 12 membros do júri terão que determinar se houve consentimento nas relações ou se elas foram produto de coerção.
A defesa reconhece que alguns atos de Diddy podem ter envolvido violência doméstica, mas nega que ele tenha praticado tráfico sexual. As mulheres que agora o acusam, lembrou Agnifilo, e que participaram das orgias sexuais com trabalhadores do sexo pagos que o magnata organizava, eram adultas e tomavam suas próprias decisões.
Duas das supostas vítimas de tráfico sexual —a cantora Casandra “Cassie” Ventura e outra ex-parceira que depôs sob pseudônimo— mantiveram relações com o fundador da gravadora Bad Boy Records por muito tempo. Embora pouco ortodoxo, o sexo era consensual, enfatizou Agnifilo.
Cassie, que esteve com Diddy por mais de uma década, “sempre foi livre para sair. Ela escolheu ficar porque estava apaixonada por ele e ele estava apaixonado por ela”, disse o advogado, que recordou que a cantora recebeu 20 milhões de dólares, cerca de R$ 98 milhões, do rapper quando o denunciou no final de 2023 por estupro e agressão sexual.
O advogado questionou se ela teria sido coagida a manter relações sexuais com outros homens pagos por Combs enquanto ele observava.
Combs não prestou depoimento. Ele não é obrigado a fazê-lo. A defesa também não apresentou nenhuma testemunha, algo que é comum em julgamentos criminais, já que cabe à promotoria demonstrar a culpa do acusado.