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De ‘fiscal’ de balança a ‘desengonçado’ no samba: como Felipão segue ‘rei’ do vestiário e faz Atlético-MG sonhar

Luiz Felipe Scolari quebrou barreiras ao superar o preconceito com a idade e conquistar grandes resultados nas últimas temporadas. Desde que completou 70 anos, em 2018, o treinador já foi campeão brasileiro pelo Palmeiras, vice da CONMEBOL Libertadores pelo Athletico-PR e agora briga pelo título da Série A com o Atlético-MG, que enfrentará o São…

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Luiz Felipe Scolari quebrou barreiras ao superar o preconceito com a idade e conquistar grandes resultados nas últimas temporadas. Desde que completou 70 anos, em 2018, o treinador já foi campeão brasileiro pelo Palmeiras, vice da CONMEBOL Libertadores pelo Athletico-PR e agora briga pelo título da Série A com o Atlético-MG, que enfrentará o São Paulo neste sábado (2), às 21h (de Brasília), pela 37ª rodada do Brasileirão.

Para quem já foi comandado por Felipão, essa longevidade do treinador à beira do campo não é nada surpreendente. Zinho, que foi campeão da Copa do Brasil (1998) e da Libertadores (1999) com o técnico no Verdão, acredita que o comandante não perdeu a vitalidade ao longo do tempo.

“Ele é um cara que está acostumado a vida toda a buscar objetivos. Isso move a pessoa. Financeiramente é um cara resolvido. O Felipão tem saúde e quer continuar vivendo essa paixão. Ele gosta da emoção, dessa adrenalina de jogos, treinamentos, disputa por título e da cobrança”, disse o comentarista da ESPN.

No final do ano passado, Felipão chegou a anunciar a aposentadoria como treinador e virou coordenador técnico do Furacão, mas mudou de ideia após receber uma oferta do Galo na metade de 2023. Ele contrariou o desejo da própria família e voltou a fazer o que ama.

“O Felipão costuma dizer nas entrevistas que a esposa dele, a dona Olga, não aguenta ele dentro de casa. É como se ele ficasse aposentado. Ia dar problema (risos)”, brincou Zinho.

‘Os segredos de Felipão’

Nos tempos de Palmeiras, ex-jogador lembra que Scolari era disciplinador e ficava de olho em todos os detalhes. Durante várias ocasiões, o comandante era o primeiro a chegar ao CT e ficava ao lado da balança anotando o peso de cada jogador em uma prancheta.

“Era um desespero e a galera falava: ‘Meu Deus do céu, hoje eu comi uma massa, ferrou’. Alguns atletas davam pique para tentar emagrecer. Ele pegava no pé de quem não estava no peso correto e os fazia correr depois dos treinos”.

De acordo com o ex-meia, havia uma mesa separada para quem estivesse fora de forma durante as refeições no clube.

“Os caras que podiam comer um docinho ficavam tirando uma onda com os outros. Isso vazava na imprensa e não sei se era estratégia dele. Os torcedores muitas vezes na rua pegavam no nosso pé, mas isso nos motivava a ter uma consciência própria”.

“Confesso que fiquei bravo algumas vezes por ele pegar no meu pé. Mas sabia que era para o nosso bem”.

Ao mesmo tempo, Scolari sabia o momento para ser descontraído com os jogadores no vestiário alviverde. “A gente fazia um samba e ele chegava todo desengonçado, mas dançava e brincava. É um líder”.

Uma das marcas registradas de Felipão ao longo da carreira é montar equipes com defesas sólidas, que exploram os erros dos adversários.

“Ele é um cara tático, que gosta de organização. Nos treinamentos, ele cobrava muito o posicionamento para que o time não sofresse gols, mas dava liberdade ofensiva. O Felipão treinava muitas jogadas de bola parada porque tínhamos ótimos cobradores”.

Últimos trabalhos de Felipão

Em 2018, Edu Dracena estava no Palmeiras quando foi treinado por Scolari e venceu o Brasileiro. Mesmo sendo um zagueiro já veterano naquela época, ele diz que aprendeu muitas lições com o técnico.

“Felipão sabe gerir um grupo e lidar com pessoas de várias personalidades, alguns mais nervosos, outros mais calmos. E ele consegue unir todas essas personalidades em prol de um objetivo só. Felipão chegou num ambiente já um pouco conturbado e soube unir mais o grupo”.

“Foi uma experiência muito boa porque é um cara campeão do mundo. É um cara que gosta de estar ali e se identifica com os jogadores. E por isso a gente faz o que ele pede nos treinamentos e nos jogos”.

Depois de sair do Verdão, o técnico teve passagens discretas por Cruzeiro e Grêmio antes de levar o Athletico-PR de forma surpreendente ao vice-campeonato da Libertadores, quando despachou o favorito Palmeiras na semifinal.

Neste ano, assumiu o Atlético-MG e demorou um certo tempo até deslanchar. No entanto, recuperou a equipe no returno do Brasileirão e chegou ao segundo lugar aos 63 pontos, apenas três atrás do líder Palmeiras. Aos 75 anos, Felipão não dá sinais que irá parar tão cedo.

“Ele podia muito bem estar na casa dele cuidando dos netos, mas quer estar no meio do futebol porque é onde ele se sente feliz também. Ele tem muita experiência e muitas coisas a contribuir”, disse Dracena.

“Chega um ponto que você quer quebrar recordes e ter no currículo títulos. Você olha para o legado que deixou e marcou o seu nome na história. Isso move muita gente. Acredito que isso serve como exemplo para todos nós”, finalizou Zinho.



Fonte: Alagoas 24 Horas

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