A 14ª Mostra Ecofalante de Cinema anunciou na noite de domingo (8) os vencedores nas duas categorias competitivas do festival: a Competição Territórios e Memória e o Concurso Curta Ecofalante. No Concurso Curta Ecofalante, com produções realizadas comente por estudantes, o grande vencedor foi “Cartas a Tia Marcelina”, de João Igor Macena (estudante da Universidade Federal de Alagoas), que levou o troféu Ecofalante e R$ 7 mil de prêmio. Esse é o segundo ano consecutivo que um curta de Alagoas vence essa categoria. A Mostra acontece até 11 de junho, em São Paulo.
Na Competição Territórios e Memória, que se dedicou a exibir produções que abordam diferentes visões e aspectos do Brasil, “Pau D’Arco” foi o vencedor de Melhor Longa-Metragem pelo júri e recebeu o troféu Ecofalante e um prêmio de R$ 20 mil. Com direção de Ana Aranha, o filme discorre sobre uma chacina em que a polícia matou 10 trabalhadores sem-terra, onde a principal testemunha do crime e seu advogado lutam por justiça e pelo direito à terra.
Segundo o júri, composto por Ana Maria Magalhães, Ana Paula Sousa e Rita Carelli, a obra “nos coloca diante da rede de violências praticada pelos grandes proprietários rurais contra os pequenos lavradores. Embora trate de uma chacina ocorrida no Pará, oferece um retrato amplo da luta pela reforma agrária”.
A menção honrosa do júri foi para “Yõg ãtak: Meu Pai, Kaiowá”, dos diretores Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna.
No Prêmio do Público na categoria longa-metragem da mostra competitiva o vencedor foi “São Palco – Cidade Afropolitana”, de Jasper Chalcraft e Rose Satiko Gitirana Hikiji. O documentário apresenta a cidade de São Paulo como um meta-palco ocupado por artistas do Togo, Moçambique, República Democrática do Congo e Angola, entre outras nações africanas, em diálogo com a população brasileira e suas aberturas, contradições e tensões.
Já nas categorias de curtas-metragens da Competição Territórios e Memória, o prêmio do júri de Melhor Curta foi para “Sukande Kasáká | Terra Doente”, dirigido por Kamikia Kisedje e Fred Rahal, por ser um “filme-denúncia que tem a poesia como matéria-prima”. A produção narra o avanço do agronegócio na terra do povo Kisêdjê. O filme recebeu o troféu Ecofalante e R$ 7 mil de prêmio.
O curta “Domingo no Golpe”, de Giselle Beiguelman e Lucas Bambozzi – um documentário “ready media” sobre os atos de 8 de janeiro de 2023, que vandalizaram o Palácio do Planalto – foi o escolhido pelo júri como menção honrosa da categoria de curta-metragem.
O Prêmio do Público para os curtas do Território e Memória foi para “Vermelho de Bolinhas”, de Joedson Kelvin e Renata Fortes. O filme aborda a construção da imagem de Benigna Cardoso, jovem sertaneja que, aos 13 anos, foi vítima de feminicídio no interior do Ceará em 1941.
No Concurso Curta Ecofalante, o grande vencedor foi “Cartas a Tia Marcelina”, de João Igor Macena (estudante da Universidade Federal de Alagoas), que levou o troféu Ecofalante e R$ 7 mil de prêmio.
Segundo o júri, formado por César Leite, Letícia Abadia e Paula Sacchetta, o filme “merece reconhecimento por sua abordagem poderosa e multifacetada de temas cruciais. Ele tece com sensibilidade as complexas camadas da intolerância religiosa e do racismo ambiental, questões latentes e urgentes em nossa sociedade hoje”.
A produção que recebeu menção honrosa foi “Número Errado”, de Leonardo Marcini (estudante da Universidade do Estado de Minas Gerais). Segundo o júri, um dos grandes diferenciais desta obra é a sua natureza enquanto filme de animação, em “um formato que permite explorar a temática LGBTQIA+ de uma maneira sensível e inusitada, escapando de uma forma clichê”.
Para completar, o Prêmio do Público foi para “Na ponta do laço”, de Carolina Huertas (estudante da Academia Internacional de Cinema – AIC). O curta conta a história de Lora, uma jovem bailarina de 17 anos, filha de um casal inter-racial, que se sente insegura ao se perceber a única garota negra durante uma audição para a personagem principal de um espetáculo.
A 14ª edição da Mostra Ecofalante acontece entre os dias 29 de maio e 11 de junho, com exibição em mais de 40 locais – incluindo salas de cinema, espaços culturais e educacionais.Ao todo foram exibidos 125 filmes de 33 países diferentes, além da execução de 8 debates, uma homenagem ao cineasta Hermano Penna, uma masterclass com o cineasta francês Cyril Dion e inúmeros bate-papos com diretores dos filmes exibidos.