O Ministério das Relações Exteriores de Cuba emitiu uma advertência verbal contra o principal diplomata americano na ilha, Mike Hammer, dizendo que o chefe da missão diplomática dos EUA adota um comportamento “intervencionista e desrespeitoso”.
O contexto para o protesto de Havana é a série de encontros que Hammer tem feito com opositores e dissidentes polítcos que vivem em Cuba desde que assumiu o posto há seis meses. Segundo o regime cubano, o diplomata “incita cidadãos a cometerem atos criminosos graves, ataca a ordem constituicional, e estimula ações contra as autoridades”.
Washington não tem embaixador no país comunista desde que rompeu relações com Havana, em 1960, após a Revolução Cubana. Depois do retorno do contato diplomático oficial, em 2015, no governo Barack Obama, os EUA poderiam enviar um embaixador, mas não o fizeram. Assim, Hammer comanda a embaixada como encarregado de negócios —termo diplomático para quem comanda a representação quando não há, oficialmente, um embaixador.
“A imunidade da qual desfruta como representante de seu país não pode ser utilizada para atos que violem a soberania e a ordem interna de Cuba”, disse Havana em nota, afirmando que as ações de Hammer vão de encontro à Convenção de Viena, que regula as relações diplomáticas entre países.
O Departamento de Estado americano defendeu as ações de seu enviado. “O chefe da missão Mike Hammer e a embaixada dos EUA representam, com orgulho, a política externa de ‘America First’ [América primeiro] do presidente Donald Trump, e buscam responsabilizar o regime cubano por sua influência maligna no continente americano”, disse um porta-voz do órgão.
“Continuaremos a nos reunir com patriotas cubanos, líderes religiosos, e todos aqueles que lutam pela liberdade em Cuba”, concluiu. O governo Trump disse que prepara novas sanções contra Havana.
A escalada de tensões entre Havana e Washington desde a volta de Trump ao poder vem em um momento de crise econômica em Cuba, com escassez de medicamentos e combustível afetando fortemente a ilha. O regime culpa o embargo americano, que já dura mais de 60 anos e restringe fortemente transações financeiras, comércio, turismo e a importação de bens essenciais.