Conheça a história da Groenlândia, território na mira de Trump
Conheça a história da Groenlândia, território na mira de Trump
A Groenlândia é a maior ilha não continental do mundo e, desde 1979, é um território autônomo da Dinamarca. Com o segundo mandato de Donald Trump, o governo dos EUA tem demonstrado renovado interesse na região
A ilha foi historicamente habitada por povos indígenas, como os paleo-esquimós, por volta de 2500 a.C. No século 10, os vikings se estabeleceram, e, desde o século 18, os inuit dominaram a região
Em 1721, a Dinamarca começou a colonização na Groenlândia, estabelecendo uma relação que duraria por séculos, calcada na exploração de recursos naturais. A ilha deixou de ser colônia e passou a ser considerada território da Dinamarca em 1953
Em 1979, a região conquistou uma autonomia que garante independência em áreas como a política, comércio e relações internas. A defesa, bem como as relações internacionais e questões monetárias, segue sob gestão da Dinamarca
A relação com os EUA é antiga. Em 1867, o secretário de Estado americano William H. Seward sugeriu a compra da Groenlândia e da Islândia, então também dinamarquesa, mas acabou dissuadido pelo Congresso. Houve debates também em 1910
Em 1940, os nazistas tomaram Copenhague. Um ano depois, quando os americanos entraram na Segunda Guerra, Washington invadiu a Groenlândia e a militarizou para evitar que fosse usada como trampolim para ataques alemães
A ocupação durou até o fim do conflito, em 1945, mas já no ano seguinte o governo americano ofereceu à coroa dinamarquesa US$ 100 milhões pela ilha, o que equivaleria hoje a US$ 1,6 bilhão (cerca de R$ 9 bilhões)
Não deu certo, mas Washington manteve sua presença militar no território, que faz parte da Otan, aliança integrada pela Dinamarca. A base de Pituffik controla os satélites de alerta para ataques de mísseis nucleares contra a América do Norte
O acelerado derretimento da capa de gelo da ilha, ainda que Trump desconsidere a mudança climática, abriu também possibilidades de exploração mineral no território
No primeiro mandato do republicano, as ameaças ficaram na retórica. Agora, com o Congresso todo sob controle de seu partido, Trump insiste na possibilidade de ocupar a região
Autoridades da Dinamarca e da Groenlândia responderam repetidamente que o território não está à venda. Uma pesquisa do início de 2025, período de ascensão das ameaças de Trump, revelou que 85% da população local rejeita a anexação aos EUA
Trump reitera sua posição afirmando que precisa “da Groenlândia para a segurança internacional”. A Base Espacial Pituffik, mantida no território há mais de 80 anos, é um dos locais militares mais importantes estrategicamente do mundo
É a partir desta base que os EUA podem monitorar possíveis ataques aéreos e navais de eventuais inimigos, em especial China e Rússia
Saiba quem é Donald Trump
Sua assinatura ajuda a Folha a seguir fazendo um jornalismo independente e de qualidade
Veja as principais notícias do dia no Brasil e no mundo