Jornalista Josias de Souza:
“O Congresso conseguiu dois milagres. Ao revogar o aumento do IOF, deixou Lula com a crise. Ao criar no mesmo dia mais 18 vagas para deputados federais —ideia rejeitada por 76% da população, segundo o Datafolha—, sinalizou que não abre mão das arcas do Tesouro.
Os milagres foram produzidos pela combinação de uma paixão com uma aversão. O Congresso apaixonou-se pela irresponsabilidade fiscal. E Lula tornou-se avesso à ideia de governar com pouco dinheiro.
Desde Eduardo Cunha, precursor de Arthur Lira e padrinho de Hugo Motta, o Congresso construiu um paraíso particular. Nele, chega-se à glória do mandato eterno gastando verba pública como se fosse dinheiro grátis.
Com R$ 50 bilhões anuais em emendas, o Legislativo dá ao Executivo uma banana. Quem decide para onde vai o dinheiro tem o poder. Submetido à escassez orçamentária, Lula transforma pacotes de contenção de gastos em lances de marketing. Essa mistura injeta um apagão orçamentário em 2026.
O governo coleciona derrotas no Congresso, O centrão uniu-se à oposição bolsonarista para enfraquecer Lula. À procura de alternativas, a base congressual de Lula entrou em colapso.
Na Câmara, dos 383 votos que derrotaram o governo, 242 vieram e partidos com ministérios na Esplanada. No Senado, a traição escondeu-se atrás da votação simbólica. Respira-se em Brasília um aroma eleitoral.”