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HomeMundoConflito deixa 80 mortos no norte da Colômbia - 20/01/2025 - Mundo

Conflito deixa 80 mortos no norte da Colômbia – 20/01/2025 – Mundo

Confrontos sangrentos entre guerrilheiros colombianos chegaram ao quarto dia neste domingo (19), na fronteira com a Venezuela, deixando pelo menos 80 mortos e 11 mil deslocados. Centenas de pessoas fugiram para o país vizinho, em meio a operações militares para conter as guerrilhas.

“Temos um resultado muito triste: mais de 80 pessoas mortas, mais de 20 feridas”, disse William Villamizar, governador do departamento de Santander, no norte do país.

Cerca de 11 mil pessoas fugiram das suas terras na região do Catatumbo (nordeste) devido a confrontos entre rebeldes do ELN (Exército de Libertação Nacional) e dissidentes das extintas FARC que se recusaram a assinar a paz em 2016.

“Estamos perante uma das maiores e mais graves crises humanitárias que Catatumbo já enfrentou, se não for a maior. Em apenas quatro dias, são reportados pelo menos 11 mil deslocados e poderão ser muitos mais”, informou Iris Marín, chefe da Defensoria Pública, em vídeo divulgado pelo X.

“Há ataques indistintos a combatentes e civis acusados de colaborar com um grupo ou outro”, acrescentou. Anteriormente, Villamizar havia estimado o número de deslocados em 5 mil.

Na última sexta-feira (17), o presidente Gustavo Petro, anunciou a suspensão das negociações de paz com ELN.

Em Catatumbo, região montanhosa assolada pelo cultivo de drogas, ocorreram cerca de cinco combates, mas “o resto foram ações de pistoleiros” dos rebeldes do ELN, que vão “com uma lista na mão” à procura de quem querem matar, explicou ao comandante do Exército, general Luis Emilio Cardozo, à imprensa.

Aterrorizados com a violência, centenas de colombianos e venezuelanos, mal carregando as mochilas e com bebés nos braços, fugiram em barcaças improvisadas para a Venezuela, onde o governo ativou uma “operação especial” para ajudar os deslocados em dois municípios fronteiriços.

A venezuelana Anyeeris Manzano, 20, atravessou no domingo a fronteira com o rio Tarra para regressar ao seu país, de onde fugiu há seis anos devido à crise econômica e social. “Temo que haja um confronto”, disse a jovem à AFP. “É triste ter que fugir por causa das guerras”, acrescentou.

Na esperança de que o conflito acabe para que possam regressar às suas aldeias, cerca de 2,5 mil pessoas estão refugiadas em Tibú, o município colombiano com mais cultivos de droga no mundo, segundo a ONU. Outras cerca de 5,1 mil estão em Cúcuta.

“Como colombiano, dói deixar o meu país”, disse Geovanny Valero, 45, que aguarda uma solução em Catumbo para que possa voltar e seguir seu trabalho como agricultor.

Combate, assassinatos seletivos, terror. A região fronteiriça está sob ataque desde quinta-feira (16), com a população civil no meio. “Foi uma ação criminosa muito bem preparada”, disse o general Cardozo.

Mais de 5 mil soldados foram destacados para reforçar a segurança em Santander. O ministro da Defesa, Iván Velásquez, chegou a Cúcuta neste domingo a Cúcuta.

Escoltadas por homens uniformizados e em helicópteros, algumas famílias com crianças foram evacuadas de cidades em guerra, segundo imagens divulgadas pelo Exército.

A colombiana Jenny Díaz, 36, fugiu para a Venezuela com seus dois filhos, uma irmã e três sobrinhos. Com a mão no peito, explica que escapou “por causa de todo o medo que se sente, da ansiedade pela guerra que existe entre os grupos armados”.

Na sexta-feira, as autoridades informaram que em outra região do norte do país o ELN teve confrontos com o Clã do Golfo, o maior cartel de drogas. O saldo foi de nove mortos.

Em Tibú e outros municípios, os militares guardam abrigos imprevistos, onde chegam toneladas de alimentos. “A prioridade é salvar vidas, protegê-las e levar-lhes a ajuda de que necessitam”, disse o ministro Velásquez.

O chefe do Exército anunciou o início de uma “segunda fase” da ofensiva militar que consiste em “ocupar áreas críticas” para retirar os rebeldes.

Devido ao conflito, as aulas foram suspensas em todo o Catatumbo e vários centros educativos foram convertidos em abrigos.

Com mais de 50 mil hectares de cultivos de coca, combustível para o prolongado conflito armado, Catatumbo é um símbolo da guerra interna que em seis décadas deixa mais de 9,5 milhões de vítimas, a maioria delas deslocadas.

Petro aposta numa solução negociada para o conflito, mas depois de dois anos e meio de governo é difícil chegar a acordos com os grupos armados.

Fonte: Folha de São Paulo

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