O gabinete do procurador-geral da Colômbia reemitiu nesta quarta-feira (22) mandados de prisão para líderes rebeldes do Exército de Libertação Nacional (ELN) que chegaram a participar de negociações de paz com o governo. A medida é uma resposta aos novos ataques do grupo, que aumentaram para 32 mil o número de pessoas deslocadas no país.
Um aumento nos últimos dias acentuado da violência na região de Catatumbo —área ao longo da fronteira leste com a Venezuela considerada estratégica para o tráfico de drogas— colocou em crise um esforço considerado já difícil do presidente Gustavo Petro para pôr fim a seis décadas de conflitos. Esse movimento causou a catástrofe humanitária mais pronunciada na Colômbia nos últimos anos.
Petro, que prometeu acordos de paz e rendição para pôr fim a um conflito que já matou pelo menos 450 mil pessoas, suspendeu os diálogos com o ELN na última sexta (17) após novos ataques feitos pelo grupo guerrilheiro contra ex-combatentes desmobilizados —segundo autoridades, civis foram atingidos nas ações.
A interrupção das conversas significa que, agora, o governo só poderá fazer acordos com um pequeno grupo de organizações rebeldes e de gangues, cujos membros representam apenas 10% das milícias armadas colombianos.
O gabinete do procurador-geral disse em comunicado que estava “revogando os benefícios de mandados de prisão suspensos para 31 representantes do ELN que foram reconhecidos pelo governo nacional como porta-vozes nas negociações”.
O ELN afirmou que sua ofensiva é somente contra uma facção de ex-rebeldes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e contra rebeldes desmobilizados que os apoiam. O grupo negou ter atacado civis.
“A crise em Catatumbo continua. Temos informações sobre 32 mil pessoas deslocadas”, disse a chefe da Defensoria Pública, Iris Marin, na noite de terça (21).
As autoridades disseram no fim de semana que 80 pessoas haviam sido mortas. Marin disse que 35 corpos haviam sido recuperados e que as Forças Armadas estavam dando continuidade às operações para retirada de moradores. Representantes do governo dizem ainda que o ELN usou suas negociações de paz com a equipe de Petro para se fortalecer militarmente e expandir seu território de atuação.
