O senador e pré-candidato à Presidência da Colômbia Miguel Uribe, 39, alvo de um atentado no último dia 7 em Bogotá, teve de passar por uma cirurgia de emergência nesta segunda-feira (16) devido a uma “hemorragia intracerebral aguda”, segundo o hospital no qual ele está internado em estado grave.
De acordo com os médicos responsáveis pelo seu atendimento, o procedimento neurocirúrgico foi necessário após exames clínicos e de imagem detectarem um novo sangramento no cérebro. A família do político informou que a hemorragia foi decorrente de uma cirurgia anterior.
Em nota divulgada após a cirurgia, o hospital afirma ainda que a situação de Uribe é extremamente crítica e que a hemorragia intracerebral é de difícil controle.
Uribe foi baleado durante um discurso público e levado às pressas para um centro médico com três ferimentos de bala —dois na cabeça e um na perna. Desde então, passou por duas cirurgias e continua em estado grave. Na última quarta-feira (11), os médicos tinham detectado os primeiros sinais de melhora.
Três pessoas foram detidas sob a suspeita de terem envolvimento no atentado, incluindo um adolescente de 14 anos, apontado como o autor dos disparos. Os outros dois também foram indiciados pelo Ministério Público por tentativa de homicídio e porte ilegal de armas, mas nenhum admitiu participação no crime.
O ataque provocou comoção na Colômbia. No domingo (15), milhares de pessoas marcharam pelas ruas de Bogotá e de outras cidades para condenar a violência política. O atentado contra Uribe remete a períodos sombrios da história recente do país, quando, durante as décadas de 1980 e 1990, com a ascensão do narcotráfico liderado por Pablo Escobar, quatro candidatos presidenciais foram mortos.
As investigações continuam em andamento, e as autoridades ainda tentam identificar os mandantes do crime. O presidente Gustavo Petro sugeriu que dissidentes da extinta Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que não aderiram ao acordo de paz de 2016, poderiam estar por trás do atentado. O grupo, porém, negou qualquer envolvimento no caso em comunicado divulgado na semana passada.
Petro também mencionou a possível atuação de um cartel de narcotraficantes com integrantes colombianos e estrangeiros. O grupo supostamente está baseado em Dubai, ainda segundo o presidente.
O advogado de Miguel Uribe, Víctor Mosquera, disse à agência de notícias AFP que os primeiros elementos da investigação apontam para uma “organização estruturada”, com histórico de ataques a líderes de direita. Segundo ele, não se trata de um grupo criminoso comum, mas de uma organização mais complexa. Mosquera preferiu não entrar em detalhes para, segundo ele, não comprometer as apurações.
Miguel Uribe é conhecido por suas críticas à venda e ao consumo de drogas e defende propostas rigorosas de combate ao tráfico, especialmente nas áreas urbanas.