A Marinha da Colômbia anunciou nesta quarta-feira (2) a primeira apreensão de um narcossubmarino não tripulado no Mar do Caribe. Equipada com uma antena da Starlink, a embarcação era conduzida por controle remoto e tinha capacidade para transportar 1,5 tonelada de cocaína.
O uso de submarinos por cartéis para transportar drogas para os Estados Unidos e Europa se tornou uma prática comum na Colômbia, o maior produtor mundial de cocaína.
De acordo com a Marinha colombiana, a embarcação foi apreendida na cidade de Santa Marta e pertencia ao Clã do Golfo, o maior cartel do país e o principal produtor de cocaína do mundo. O narcossubmarino estava vazio e autoridades acreditam que ele ainda estava em fase de teste.
Imagens compartilhadas pelas autoridades mostram a proa do narcossubmarino cinza com uma antena da provedora de sinais de satélites Starlink, do bilionário Elon Musk.
O uso de narcossubmarino ocorre há pelo menos duas décadas, mas a distância percorrida por essas embarcações está aumentando e seu emprego no transporte de drogas está se tornando mais frequente.
De fabricação colombiana
Em 2018, autoridades regionais interceptaram 38 narcossubmarinos nos oceanos Atlântico e Pacífico, de acordo com o think tank americano Insight Crime. Em março deste ano, a polícia de Portugal prendeu três brasileiros que transportavam mais de 6 toneladas de cocaína num submarino.
De acordo com o almirante Juan Ricardo Rozo, a recente descoberta revela a migração para sistemas não tripulados mais sofisticados, que as redes criminosas usam para dificultar o rastreamento por radar e até mesmo operar com autonomia parcial.
Fabricadas na Colômbia, essas embarcações rústicas e leves navegam próximo a superfície, percorrem distâncias maiores do que lanchas e são difíceis de rastrear.
Segundo a pesquisadora do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e Paz (Indepaz) Juana Cabezas, desde 2017, cartéis mexicanos contratam especialistas em tecnologia e engenheiros para o desenvolvimento de submarinos não tripulados para facilitar o transporte de cocaína da Colômbia pela rota do Pacífico. Ela destaca que esse método diminui os custos da operação e aumentaria a segurança para os envolvidos.
Dois dos principais cartéis do México, Sinaloa e Jalisco Nova Geração, operam no país sul-americano. O Clã do Golfo possui negócios com ambos, segundo as autoridades.