O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, que venceu a eleição no mês passado prometendo enfrentar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um novo gabinete nesta terça-feira (13). Segundo ele, este governo ajudará a definir um novo relacionamento com Washington.
Carney reduziu o número de ministros para 29, em comparação com os 39 do antecessor Justin Trudeau, mas manteve alguns dos principais atores em seus cargos, como o ministro das Finanças, François-Philippe Champagne, e Dominic LeBlanc, responsável pelo comércio com os EUA.
Carney reuniu-se com Trump em Washington na semana passada, mas não garantiu a remoção das tarifas que o presidente impôs às exportações canadenses. “Nosso governo cumprirá seu mandato de mudança com urgência e determinação”, disse Carney aos repórteres. “Nossos trabalhadores e empresas continuam a enfrentar as tarifas injustas impostas pelos EUA. Meu governo lutará pelos canadenses.”
Carney diz que o Canadá deve gastar bilhões para começar a desviar o foco da economia dos Estados Unidos, bem como acabar com as barreiras ao comércio interno e cortar os gastos públicos.
“Os negócios do governo devem ser negócios… [Estamos] ansiosos para trabalhar com o novo governo e com todos os partidos para enfrentar as metas urgentes de construção da nação”, disse Matthew Holmes, chefe de políticas da Câmara Canadense de Comércio, pedindo ação em questões como reforma regulatória e diversificação do comércio.
Melanie Joly passa do Ministério das Relações Exteriores para o Ministério da Indústria após quatro anos e é substituída por Anita Anand. Chrystia Freeland, cuja renúncia ao cargo de ministra das Finanças em dezembro passado ajudou a derrubar um Trudeau cada vez mais impopular, mantém seu cargo de ministra dos Transportes e do Comércio Interno. O ex-banqueiro do Goldman Sachs, Tim Hodgson, assume o cargo de ministro dos Recursos Naturais.
“Para o relacionamento entre o Canadá e os EUA, era muito importante que o primeiro-ministro Carney posicionasse pessoas inteligentes, duras e experientes nas principais pastas… [ele] fez exatamente isso”, disse Cameron Anderson, professor de política da Western University em Londres, Ontário. Além dos ministros do gabinete, Carney nomeou 10 secretários de estado júnior.
Suas promessas imediatas são um corte de impostos e o fim de todas as barreiras comerciais entre as 10 províncias até 1º de julho. Sua plataforma, que promete gastos adicionais de cerca de C$ 130 bilhões (US$ 93,20 bilhões) nos próximos quatro anos, prevê que o déficit de 2025-2026 será de C$ 62,3 bilhões, muito maior do que os C$ 42,2 bilhões previstos em dezembro.
Carney aboliu o cargo de ministro do Trabalho e o substituiu por um secretário de Estado do Trabalho, uma medida que o sindicato Teamsters considerou profundamente confusa e preocupante. “Isso sugere que o governo Carney está subestimando a escala dos desafios enfrentados pelos trabalhadores canadenses nos próximos anos”, disse o porta-voz do sindicato, Christopher Monette.
O governo Trudeau teve que lidar com várias disputas trabalhistas importantes e, no ano passado, interveio para encerrar greves separadas de trabalhadores portuários, ferroviários e dos correios.
Na eleição, os liberais de Carney ficaram a duas cadeiras de conquistar a maioria na Câmara dos Comuns. Os conservadores da oposição estavam 20 pontos à frente nas pesquisas em janeiro, mas caíram drasticamente depois que Trudeau renunciou e Trump impôs tarifas enquanto refletia sobre a anexação do Canadá.
“Até o momento, não é um começo promissor. Infelizmente, a primeira decepção é o seu gabinete —ele nomeou a antiga equipe de Trudeau”, disse o líder conservador Pierre Poilievre aos repórteres. “É mais do mesmo quando o Canadá precisa de uma mudança real.”