Um dia após os relatos das mortes de dezenas de civis que aguardavam em fila por ajuda humanitária em Gaza, o Itamaraty voltou a criticar as ações de Israel no território palestino, empregando alguns de seus termos mais duros desde o início do conflito.
“O governo Netanyahu volta a mostrar, por ações e declarações, que a ação militar em Gaza não tem qualquer limite ético ou legal”, escreveu a pasta do governo Lula (PT) em nota na manhã desta sexta-feira (1º).
Um dia antes, a facção palestina Hamas havia dito que mais de 110 civis palestinos morreram em meio a tiros de tropas israelenses enquanto aguardavam ajuda humanitária ao lado de caminhões.
Tel Aviv argumentou que os tiros de seus militares, acuados, teriam matado somente cerca de dez civis e que a maior parte das mortes e ferimentos foi causada pela aglomeração e pelos saques aos caminhões, que teriam levado a atropelamentos e pisoteamentos.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores, comandado por Mauro Vieira, disse que “as aglomerações em torno dos caminhões que transportavam ajuda humanitária demonstram a situação desesperadora a que está submetida a população civil da Faixa de Gaza e as dificuldades para obtenção de alimentos no território”.
A pasta voltou a criticar duramente o governo do premiê Binyamin Netanyahu, com o qual as relações do Brasil se deterioraram após o presidente Lula, em viagem à Etiópia, comparar as ações de Israel em Gaza ao Holocausto nazista de Adolf Hitler. O petista foi declarado “persona non grata” por Israel, e Bibi, como o premiê é conhecido, disse que o brasileiro cruzou uma linha vermelha.
“A inação da comunidade internacional diante dessa tragédia humanitária continua a servir como velado incentivo para que o governo Netanyahu continue a atingir civis inocentes e a ignorar regras básicas do direito humanitário internacional”, disse o Itamaraty, um histórico defensor da solução de dois Estados, com a criação de um Estado palestino independente que conviva com Israel.
“Declarações cínicas e ofensivas às vítimas do incidente, feitas horas depois por alta autoridade do governo Netanyahu, devem ser a gota d’água para qualquer um que realmente acredite no valor da vida humana”, seguiu a diplomacia brasileira.
Este texto segue em atualização.