A Flotilha da Liberdade, iniciativa que pretendia levar ajuda humanitária a Gaza carregando 12 ativistas a bordo, anunciou na noite deste domingo (8) —já madrugada de segunda-feira no horário local— que a embarcação Madleen foi interceptada e atacada por militares israelenses.
O barco partiu da Itália em 1º de junho para “romper o bloqueio israelense” após fazer escala no Egito e levar alimentos e remédios aos moradores de Gaza, em meio à crise humanitária na região.
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, havia ordenado neste domingo (8) que o Exército impedisse a chegada do veleiro.
“A comunicação com o Madleen foi perdida. Os militares israelenses abordaram o navio”, disse a iniciativa no Telegram. Afirmou ainda que a tripulação foi “sequestrada pelas forças israelenses”. O Madleen leva a bordo a sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila, além de outros dez ativistas.
Mahmud Abu Odeh, porta-voz da iniciativa na Alemanha, disse à agência de notícias AFP que “parece que os ativistas foram presos”.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel disse que a Marinha desviou o navio para a costa israelense. “Espera-se que os passageiros retornem aos seus países de origem”, publicou o ministério nas redes sociais.
“A pequena quantidade de ajuda no barco que não foi consumida pelas ‘celebridades’ será transferida para Gaza por meio dos canais humanitários adequados”, acrescentou o órgão.
Em uma publicação no Instagram, o perfil da Flotilha da Liberdade publicou um vídeo que mostra os ativistas sendo abordados.
“Momentos atrás, drones lançaram produtos químicos não identificados sobre o Madleen”, diz o texto que acompanha o post. “Imediatamente depois, nossos voluntários foram interceptados antes que as forças israelenses abordassem a embarcação. Perdemos todo o contato com eles segundos depois.”
Também nas redes sociais, a esposa de Ávila publicou um vídeo em que pede ajuda ao governo brasileiro. “Recebemos uma mensagem de que eles estavam sendo interceptados e atacados pelo Exército israelense. Que o Exército estava subindo no barco”, afirma Lara no post.
“Cobrem o Itamaraty, o governo brasileiro, as figuras públicas para trazer o Thiago e todos os participantes [da iniciativa] de volta para suas famílias.”
O veleiro Madleen faz parte da coalizão Freedom Flotilla (Flotilha da Liberdade), que atua pelo fim do bloqueio em Gaza. A embarcação saiu da Itália com o objetivo de furar o cerco de Israel e entregar alimentos e remédios a moradores, diante da crise humanitária na região.
Segundo a mídia israelense, militares planejam interceptar o barco e escoltá-lo até o porto de Ashdod, no sul do país. A tripulação seria então deportada —a previsão é que o veleiro chegue ao litoral de Gaza até a manhã desta segunda-feira (9).
Em 2 de março, Israel impôs um bloqueio total à entrada de alimentos e medicamentos no território. Após uma suspensão total da ajuda por 78 dias, o governo de Binyamin Netanyahu flexibilizou a entrada de ajuda diante da crescente pressão internacional.
A iniciativa da flotilha existe desde 2008. Em 2010, um grupo de sete embarcações, incluindo o turco Mavi Marmara, foi atacada por Israel —nove pessoas morreram e 50 ficaram feridas. Uma investigação do Conselho de Direitos Humanos da ONU concluiu que o ataque israelense foi desproporcional e ilegal. Na época, Tel Aviv disse ter agido em defesa própria.
Em abril de 2024, três relatores especiais da ONU exigiram passagem segura para a Flotilha da Liberdade. Eles afirmaram que Israel deve cumprir o direito internacional e as ordens da Corte Internacional de Justiça, permitindo a entrada irrestrita de ajuda humanitária em Gaza.