Um ataque suicida a um ônibus escolar no Paquistão matou cinco pessoas nesta quarta-feira (21), afirmou o Exército. O país culpa a Índia, com quem entrou em conflito no início do mês após a ocorrência de um ataque na Caxemira que Nova Déli, por sua vez, também atribui ao vizinho.
Cerca de 40 estudantes estavam no ônibus que se dirigia a uma escola administrada pelo Exército, disse Yasir Iqbal, administrador do distrito de Khuzdar, na província de Baluchistão, onde o incidente ocorreu. Três crianças morreram e várias pessoas ficaram feridas, segundo autoridades locais.
As Forças Armadas do Paquistão e o primeiro-ministro Shehbaz Sharif rapidamente divulgaram declarações condenando a violência e acusando “representantes do terrorismo indiano” de envolvimento no ataque. Eles não compartilharam evidências que ligassem o atentado a Nova Déli.
“Os planejadores, cúmplices e executores deste covarde ataque patrocinado pela Índia serão caçados e levados à justiça”, disse o Exército.
O Ministério das Relações Exteriores da Índia rejeitou as acusações do Paquistão. “Para desviar a atenção de sua reputação como epicentro global do terrorismo e esconder suas próprias falhas graves, tornou-se natural para o Paquistão culpar a Índia por todos os seus problemas internos”, disse o porta-voz da pasta, Randhir Jaiswal, em um comunicado.
O incidente mais recente se assemelha, com o sinal trocado, ao que ocorreu no dia 22 de abril e deixou as duas potências nucleares à beira de uma guerra aberta no começo do mês. Naquele dia, um ataque terrorista matou 26 pessoas, a maioria turistas hindus, na Caxemira —região disputada pelas nações.
A princípio, um grupo armado que pede a separação da Caxemira indiana reivindicou a autoria do atentado em uma postagem no Telegram, mas, em seguida, negou envolvimento e atribuiu a postagem anterior a uma “intrusão cibernética”.
A Índia acusa regularmente o Paquistão de apoiar insurgentes armados, e trata toda insurreição na região como terrorismo patrocinado pelo vizinho. O país muçulmano nega envolvimento e afirma apoiar o direito dos caxemirenses à autodeterminação.
As tensões entre a Índia e o Paquistão permanecem altas após o acordo de cessar-fogo em 10 de maio. Diplomatas alertaram que a trégua é frágil, após a mais dramática escalada de hostilidades entre os vizinhos com armas nucleares em décadas.
No ataque suicida desta quarta, nenhum grupo assumiu imediatamente a responsabilidade pela explosão. O incidente lembrou um dos atentados mais mortais da história do Paquistão, quando mais de 130 crianças morreram em escola militar na cidade de Peshawar, no norte do país, em 2014. Na ocasião, o ataque foi reivindicado pelo Tehreek-e-Taliban Pakistan, um grupo islâmico ultrarradical.
Atentados de grupos separatistas no Baluchistão aumentaram nos últimos anos. O Exército de Libertação do Baluchistão, por exemplo, explodiu uma linha férrea e fez passageiros de um trem como reféns em março, matando 31 pessoas.