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ALE/AL promove hoje debate sobre cultura popular e homenageia mestras do artesanato

O fortalecimento da cultura popular alagoana vai ser tema de sessão especial nesta segunda-feira, 28, às 14h. Proposta pela deputada estadual Fátima Canuto (MDB), a sessão vai receber diversos representantes do artesanato, da arte e da cultura de Alagoas. Além disso, na oportunidade, também será realizada uma sessão solene para outorga da comenda Lêdo Ivo para a Mestra Vânia, para a Dona Irinéia e para a Dona Morena.

Segundo a parlamentar, fortalecer a cultura popular alagoana, englobando o artesanato, o folclore, a arte, a gastronomia local, enfim, as diversas manifestações, é de extrema importância. “A busca pela defesa e preservação da nossa cultura popular deve ser um incansável exercício. É preciso valorizar, implementar políticas públicas e ouvir as demandas de quem está na linha de frente desse setor fundamenta para a nossa economia local, sustentável e criativa, que é a fonte de renda de tantas famílias alagoanas”, afirmou Fátima Canuto.

Referências no artesanato do Estado, mestra Vânia, Dona Irinéia e Dona Morena serão homenageadas com a Comenda Lêdo Ivo, uma das mais altas honrarias concedidas pela Casa de Tavares Bastos a personalidades com relevantes serviços prestados à preservação ou desenvolvimento da literatura, artes e cultura de Alagoas.

Vânia Oliveira, ou Mestra Vânia, é referência em fibra e papietagem. No entanto, tem como elemento central de sua arte a cultura popular. Os fitilhos coloridos auxiliam na criação do imaginário do folguedo alagoano, que podem ser vistos em chapéus de guerreiro e bumbas meu boi. Autodidata, Mestra Vânia iniciou sua história no artesanato ao tentar produzir a decoração e lembranças da festa de um ano de sua primeira filha. Todavia, como grande admiradora de danças folclóricas, aos poucos foi produzindo peças dos folguedos alagoanos, tomando gosto pelo artesanato.

Aprimorando suas técnicas, atualmente ela é um dos nomes mais respeitados do meio. Foi reconhecida como Mestra pelo PAB (Programa do Artesanato Brasileiro) e condecorada com o título de Patrimônio Vivo de Alagoas pela Secretária de Cultura do Estado em 2015. Com 35 anos dedicados a arte popular, inaugurou em 2019 uma loja própria, Raízes de Alagoas. Comprometida com o repasse dos conhecimentos, ela ministra aulas e promove diversos cursos, oficinas e palestras. É vice-presidente da Federação Alagoana de Artesãos, secretária da Confederação Nacional do Trabalhador Artesão, participou da construção do Plano Nacional do Artesanato no Ministério da Cultura e foi conselheira nacional do CNPC (Conselho Nacional da Previdência Privada).

Também homenageada, Irinéia Rosa Nunes da Silva é uma das mais reconhecidas artistas da cerâmica popular brasileira. Mestra artesã do Patrimônio Vivo de Alagoas desde 2005, iniciou sua história com o artesanato no povoado quilombola Muquém, em União dos Palmares, onde nasceu e vive até hoje. Começou com a finalidade de auxiliar sua mãe, fazendo panelas de barro, mas acabou recebendo outras encomendas de pessoas que estavam pagando promessas – levando uma parte do corpo curada, feita de cerâmica, como agradecimento ao santo. Dessa forma, dona Irinéia começou a fazer cabeças, pés, entre outras peças. Hoje ganham destaque as obras “A Jaqueira” e “O Beijo”. Entre outras esculturas, as cabeças e figuras humanas moldadas no barro carregam muito simbolismo, trazendo referências e elementos dos episódios de lutas e conquistas vividos pelos moradores da sua comunidade e do Quilombo dos Palmares.

Já Bernadete Rosália Teixeira, ou Dona Morena, como é conhecida, é a mais antiga bonequeira da Ilha do Ferro, em Pão de Açúcar. Nascida em 1926, somando quase um século de vida, ela também é contadora de histórias e acabou se tornando referência para quem queria seguir o mesmo ofício na região. Tudo começou, segundo ela, quando na infância o pai comprou bonecas para as quatro filhas; a dela, entretanto, lhe pareceu menos bonita do que a das irmãs. Chateada, rasgou as bonecas e após a bronca da mãe precisou refazer as bonequinhas de pano. Foi assim que descobriu o talento e também a paixão. Dona Morena não parou mais de costurar bonecas com suas roupas enfeitadas e seus acessórios, deixando sua marca registrada na história dos artesãos da Ilha do Ferro.



Fonte: TV Alagoas

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