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Agência nuclear da ONU diz que Irã viola obrigações – 12/06/2025 – Mundo

O conselho diretivo da agência nuclear da ONU declarou nesta quinta-feira (12) que o Irã violou suas obrigações de não proliferação pela primeira vez em quase 20 anos, aumentando a perspectiva de denunciar o país ao Conselho de Segurança.

A medida ocorre após vários impasses entre a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), sediada em Viena, e o Irã desde que Trump retirou os EUA de um acordo nuclear entre Teerã e as principais potências em 2018, durante seu primeiro mandato, após o qual esse pacto se desfez. Um funcionário da AIEA disse que o Irã respondeu informando à agência que planeja abrir uma terceira usina de enriquecimento de urânio.

O funcionário da AIEA disse que Teerã não forneceu mais detalhes sobre os novos locais de enriquecimento planejados, como sua localização para permitir o monitoramento pelos inspetores nucleares da ONU.

Behrouz Kamalvandi, porta-voz da organização de energia atômica do Irã, disse à TV estatal que Teerã informou a AIEA sobre duas contramedidas, incluindo “a atualização de centrífugas em Fordow (usina de enriquecimento) da primeira para a sexta geração, o que aumentará significativamente a produção de urânio enriquecido”.

O enriquecimento pode ser usado para produzir urânio para combustível de reatores ou, em níveis mais altos de refinamento, para bombas atômicas. O Irã diz que seu programa de energia nuclear é apenas para fins pacíficos.

Reiterando a posição de que não abandonará o direito ao enriquecimento como membro do TNP, um alto funcionário iraniano disse à Reuters que o aumento das tensões no Oriente Médio serviu para “influenciar Teerã a mudar sua posição sobre seus direitos nucleares”.

Após a decisão da entidade ligada às Nações Unidas, o Ministério das Relações Exteriores de Israel disse que as ações de Teerã minam o Tratado de Não Proliferação global e representam uma ameaça iminente à segurança e estabilidade regional e internacional. Um funcionário do regime em Teerã afirmou que um “país amigo” alertou sobre um possível ataque de Tel Aviv às instalações nucleares do país em breve.

O Irã é signatário do TNP (Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares); Israel não faz parte do tratado e, como amplamente citado entre especialistas do tema, se acredita que possua o único arsenal nuclear do Oriente Médio.

Autoridades dos EUA e do Irã realizarão uma sexta rodada de conversas sobre o programa de enriquecimento de urânio acelerado de Teerã neste domingo (15), em Omã, disse o ministro das Relações Exteriores do pequeno país do Golfo Pérsico nesta quinta-feira.

Os temores de segurança aumentaram desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, disse na quarta-feira que diplomatas e outros funcionários americanos estavam sendo retirados da região porque “poderia ser um lugar perigoso” e que Teerã não seria autorizado a desenvolver uma arma nuclear.

Essa decisão ocorre em um momento frágil e altamente sensível no Oriente Médio produtor de petróleo, onde a segurança já foi desestabilizada pelos efeitos colaterais da guerra de Gaza entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas, iniciada em outubro de 2023.

Trump ameaçou bombardear o Irã se as conversas nucleares não avançarem. Nesta quarta (11), disse que se tornou menos confiante de que Teerã concordaria em parar de enriquecer urânio. A República Islâmica quer o levantamento das sanções dos EUA impostas ao país desde 2018.

Reação do mercado

Os preços do petróleo inicialmente subiram após o anúncio de Trump, mas depois diminuíram. As ações de companhias aéreas europeias, empresas de viagens e redes de hotéis estavam entre as maiores quedas nas bolsas, à medida que os investidores se preocupavam com o aumento das tensões que afetariam a demanda por viagens e os preços mais altos do petróleo.

“Claramente é o Irã que está no centro disso e a possibilidade de que você veja um ataque dos EUA ou de Israel”, disse Paul McNamara, diretor de dívida de mercados emergentes da empresa de investimentos GAM. “Há muito espaço para as coisas piorarem se virmos um ataque militar.”

Empresas estrangeiras de energia continuavam suas operações normalmente, disse à Reuters nesta quinta-feira (12) um alto funcionário iraquiano que supervisiona operações em campos petrolíferos do sul.

A companhia aérea Emirates, com sede em Dubai, disse que não fez alterações nas operações, mas está monitorando a situação na região.

‘Potencial ataque israelense’

Teerã prefere a diplomacia para resolver a questão nuclear, mas suas forças armadas estão totalmente prontas para responder a qualquer ataque militar, disse um funcionário de Teerã.

A mídia estatal iraniana relatou que os militares começaram exercícios antes do planejado para se concentrar em “movimentos inimigos”.

A retaliação iraniana a qualquer ataque israelense será “mais forte e destrutiva” do que no passado, disse o comandante da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, à mídia estatal nesta quinta-feira.

O Irã disparou dezenas de mísseis contra Israel no ano passado após as forças israelenses bombardearem o consulado de Teerã em Damasco, e Israel respondeu com ataques de mísseis no Irã e na Síria —os primeiros ataques diretos desse tipo entre os dois arqui-inimigos.

O Ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer, e o chefe do Mossad, David Barnea, viajarão para Omã para se encontrar com o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, antes das conversas EUA-Irã, em mais uma tentativa de esclarecer a posição de Israel, informou a mídia israelense na quinta-feira.

Fonte: Folha de São Paulo

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