Jornalista Fabiano Lana:
“Domingo ocorreu outro ato na Avenida Paulista em defesa de Jair Bolsonaro, uma espécie de rotina da nossa política recente. Um retumbante fracasso. No linguajar das redes sociais: uma flopada com menos de 15 mil pessoas presentes, onde cabem cerca de 1 milhão. Anteontem também foi publicado um artigo da revista inglesa The Economist, que, numa análise sobre o presidente Lula, diz o que estamos cansados de saber. O líder petista, impopular e omisso em seu próprio País, apenas leva constrangimento aos fóruns internacionais com suas posições ambíguas – ou mesmo favoráveis – a autocracias violentas como a Rússia e o Irã.
Mas tudo isso pode ser ótimo ao País. Pois são dois líderes que tem como marca dividir o Brasil, entre os seus e os deles. Lula, inclusive, após a derrota acachapante no Congresso na questão do IOF, aparentemente quer reeditar a ladainha do ‘nós contra eles’, que marcou sua trajetória política, travestida com a linguagem ‘ricos contra os pobres’. Não vai dar certo porque hoje o ‘eles’, ou seja, o antipetismo, é maior do que o ‘nós’, e estão pintados para a guerra (política).
À espera da condenação por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro segue na linha de tentar manter a supremacia em seu campo. De ser ambíguo em relação aos aliados na questão dos sucessores, e até mesmo manter em suspense se poderia indicar alguém de sua família, como a esposa Michelle ou o filho Eduardo.
Isso significa apenas que essa história de se preocupar com o Brasil acima de tudo, que é um patriota, trata-se de uma enorme balela. O que o move é tentar segurar seu poder, sua influência e, se possível, se livrar da prisão.
Lula já teve cerca de 80% de popularidade no final de 2010. Isso foi tido, até mesmo por analistas sérios, como resultado de sua habilidade, de sua competência, de sua predestinação. Quem discordava, alegando que o continente vivia um boom de crescimento devido aos aumentos das commodities e todos os governantes da região tinham popularidade semelhante à de Lula – e que o País crescia até menos do que os vizinhos – era apenas alguém com má vontade, no mínimo. Agora, em tempos de vacas menos gordas e de oposição forte, vê se que, ou o presidente perdeu a magia, ou ela nunca existiu fora da mente de tanta gente embevecida.
Talvez estejamos vivendo o ocaso dos dois líderes. Do ponto de vista individual de ambos, pode ser péssimo. Mas para o País é ótimo a depender do resultado. As névoas seguem de ambos os lados.
Na esquerda, Lula não parece deixar sucessor claro. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, exerce uma função espinhosa e já foi atacado até pelos seus. À direita, há muitos em busca do aval do líder – alguns deles, anteontem, constrangidos em cima de um trio elétrico..
A sociedade segue em busca de uma personalidade forte o suficiente para liderar e não apenas ser liderado (uma necessidade de nosso presidencialismo de força). E que saiba construir, e não apenas dividir para governar, como foi a prática de Lula e Bolsonaro, que vivem os outonos dos patriarcas.”