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Perito diz que substância que causou morte de jovem é altamente tóxica e não tem gosto

O laudo produzido pelo Instituto de Criminalística de Alagoas (IC) identificou que Fernanda Silva Valoz da Cruz Pinto, de 27 anos, morreu por envenenamento provocado por uma substância que é utilizada no controle de pragas em plantações de milho e feijão. É o que explicou, nesta quinta-feira, 28, o perito criminal Thalmanny Goulart, que é chefe do Laboratório de Química e Toxicologia e foi o responsável pelo exame. 

O especialista informou ao Fique Alerta que a substância tem classificação três no Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e é altamente tóxica. 

“Infelizmente mais um caso, é rotina, infelizmente, é um praguicida. Na verdade, foram dois praguicidas: um deles é o contaminante do praguicida, que são sulfotep e terbufós. Eles são aplicáveis para a parte de cultura de milho e feijão, são regulados pelo MAPA, mas são de livre venda. Eles têm aplicação na agricultura para o controle dessas pragas, mas são facilmente acessíveis a toda população”. 

De acordo com Thalmanny Goulart disse ainda que devido a cor acinzentada, alguns são confundidos com o veneno popularmente conhecido como “chumbinho”. 

(O veneno tem cor?) A cor vai variar a depender do fabricante, existem fabricantes que são referência para essas substâncias. A variação da coloração vai desde o cinza, por isso há associação com o chumbinho para matar rato, que neste caso não é o chumbinho. A coloração vai do cinza ao roxo. Ela tem apresentação de diversas fórmulas de grânulos. Quando utilizado, não tem gosto, não tem amargor. Quem ingere intencionalmente ou criminosamente, fica ludibriado porque não tem nenhuma característica específica que possa ser vinculada ao sabor e ao possível envenenamento”. 

Sintomas e manobras médicas – A família de Fernanda informou que ela sofria de úlcera e gastrite, cujos sintomas podem ser semelhantes a casos de intoxicação alimentar. Por esses outros motivos alegados pelos familiares, como a suspeita de um possível envenenamento intencional, o óbito de Fernanda Valoz foi registrado como morte a esclarecer, sendo o corpo dela transferido do Serviço de Verificação de Óbito (SVO) para o IML da Capital, o que gerou a investigação e o resultado do laudo como consequência.

(Qual tempo o veneno demora para agir no organismo?) Varia entre 3h e 12h. Depende do tipo. Tem uma série de apresentações no mercado, mas esse especificamente age entre 3h e 12h. Quando se suspeita desse tipo de intoxicação, existem manobras clínicas consagradas na literatura, a equipe médica ao receber esses pacientes, fazem essas manobras, como lavagem gástrica, uso de medicamentos, carvão ativado. Existem maneiras de contornar intoxicação aguda daquele momento, como é o caso dessa suspeita”, detalhou Goulart.

O perito contou quais são os principais sintomas que aparecem em casos de envenenamento. “(No caso da Fernanda, os sintomas são compatíveis com esse veneno?) Pelo relato disponibilizado no requerimento, é compatível. Quais são os primeiros sintomas? Dor abdominal. A substância ataca a mucosa abdominal. Logo após existe o excesso de salivação, porque ela age em uma enzima específica, começando a bloqueá-la. O que causa aumento de secreção pulmonar e visualmente se confunde muito com uma crise, por exemplo, epiléptica. Os primeiros sintomas são dor abdominal profunda e salivação. Depois vem os efeitos secundários, que são o torpor, o coma e, se não convertido rapidamente, a morte”. 

Polícia Civil quer saber a origem do envenenamento – A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa entrou no caso e deu início às investigações. Como a morte de Fernanda está prestes a completar dois meses no próximo dia 4, houve prejuízo com possíveis coletas de imagens de câmera e também do suposto bombom de chocolate, alimento que ela teria informado a familiares que consumiu após recebê-lo de uma suposta cigana no Centro de Maceió. 

“O bombom não foi apreendido, não chegou esse material. Só chegaram materiais biológicos da pericianda. Quando o material é apreendido, a gente o analisa. Quando você recebe o material biológico do conteúdo estomacal, é uma massa que não há como caracterizar, porque não somente um eventual bombom ou outro alimento foi consumido, é uma massa que não dá para caracterizar o que foi ou não consumido. O que dá para identificar são as substâncias de interesse forense contidas no conteúdo, no sangue, na urina”, disse o perito. 

Tempo dos sintomas não costuma demorar – Segundo boletim de ocorrência registrado na Central de Flagrantes da Polícia Civil pela família de Fernanda Valoz, a vítima teria passado mal no dia 3 de agosto deste ano, apresentando dores estomacais, vômito, sangramento pelo nariz, e salivação excessiva expelida pela boca. Ela foi levada às pressas para a Santa Casa de Misericórdia, vindo a falecer na madrugada do dia seguinte.

“São substâncias que agem rapidamente, como falei, entre 3h e 12h o início dos sintomas. Pelo relato, passou-se um tempo até a internação da pericianda, não é o comum que vemos no nosso dia a dia, e é rotina nossa aqui. O comum é a vítima passar mal e logo após ser internada. Alguns casos conseguem se converter com manobras que citei realizadas no hospital. Na maioria dos casos, mesmo com todos os cuidados realizados ao receber o paciente, infelizmente o periciando fica quatro ou cinco, já pegamos casos de 12 dias internado e vem a óbito”, concluiu o perito criminal.

Fonte: TNH1

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