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Israel diz ter achado corpo de refém brasileiro em Gaza – 24/05/2024 – Mundo

O Exército de Israel anunciou nesta sexta-feira (24) que recuperou os corpos de mais três reféns que estavam na Faixa de Gaza desde os atentados do Hamas, em 7 de outubro de 2023. Segundo o comunicado, um deles é o de Michel Nisenbaum, 59, único brasileiro-israelense sequestrado pela facção terrorista.

A notícia põe fim a meses de apreensão e incerteza por parte da família de Nisenbaum, que ainda tinha esperanças de resgatá-lo vivo. Natural de Niterói (RJ), com dupla nacionalidade, ele era pai de duas filhas e vivia em Israel havia mais de 40 anos.

De acordo com o Exército, uma operação conjunta com o serviço de inteligência de Tel Aviv permitiu recuperar os corpos durante a noite em Jabalia, no norte de Gaza. Além de Nisenbaum, foram encontrados os restos mortais do franco-mexicano Orión Hernández Radoux, 30, e do israelense Hanan Yablonka, 42.

Os três foram identificados por autoridades médicas do Instituto Forense Nacional de Israel e pela polícia israelense. Segundo o Exército, eles foram mortos já no momento da captura, perto do kibutz (comunidade agrícola) de Mefalsim, ou no caminho para o cativeiro em Jabalia. Após o reconhecimento legal dos peritos, as famílias foram notificadas, afirmaram os militares.

Nisenbaum morava em Sderot, cidade próxima da fronteira com Gaza. Ele teria sido capturado quando se dirigia a uma base do Exército próxima do kibutz Re’im para buscar uma das netas que estava com o genro dele, um militar. A menina, camuflada pelo pai com um casaco e distraída com um brinquedo durante os ataques no local, sobreviveu.

Na mesma região de Mefalsim, de acordo com os militares, os terroristas assassinaram e levaram para Gaza outros quatro reféns, cujos corpos foram recuperados na semana passada dentro de um túnel em Jabalia.

Avô de cinco crianças antes de ser levado pelos terroristas do Hamas, Nisenbaum havia ganhado mais um neto no fim de 2023. Os pais o batizaram de Oz (coragem, em hebraico).

A irmã de Nisenbaum, Mary Shohat, 66, foi a primeira a fazer a aliá (termo usado pelos judeus para se referir ao retorno a Israel). Aos 17, logo após concluir o ensino médio e um ano após passar um período trabalhando nos kibutzim, emigrou de vez. O irmão a seguiu um ano depois. A mãe dos dois, hoje com 87 anos e debilitada depois do sequestro dele, uniu-se a eles em Israel anos depois, quando a filha se casou.

Mary mantinha esperanças de reencontrar Nisenbaum. Embora se dissesse “vivendo às cegas” pela falta de notícias, sentia-se aliviada de não estar entre os familiares que haviam recebido um telefonema do Exército israelense informando a morte de seu parente sequestrado.

Segundo a coluna Mônica Bergamo, a filha dela, Ayala Harel, esteve na quarta (22) com um grupo de 43 brasileiros que estão visitando Israel em uma comitiva organizada pela Federação Israelita do Estado de SP (Fisesp). No encontro, pediu que a comitiva entrasse em contato com o governo brasileiro para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tentasse novamente interceder pela libertação do tio.

Na manhã desta sexta, pela rede social X, Lula lamentou o anúncio da morte de Nisenbaum. “Conheci sua irmã e filha, e sei do amor imenso que sua família tinha por ele. Minha solidariedade aos familiares e amigos de Michel”. Segundo o presidente, “o Brasil continuará lutando, e seguiremos engajados nos esforços para que todos os reféns sejam libertados, para que tenhamos um cessar-fogo e a paz para os povos de Israel e da Palestina”.

Hen Mahluf, uma das filhas de Nisenbaum, manifestou pesar em uma publicação nas redes sociais. “Quem diria que essa seria nossa história, que esse seria seu fim. Nosso pai, o coração está partido.”

Em nota, a Conib (Confederação Israelita do Brasil) disse ter enviado condolências à família de Nisenbaum, “mais uma vítima inocente do ataque bárbaro do grupo terrorista Hamas contra Israel”. Já a Fisesp falou em “despedida dolorosa” e fez uma crítica à condução de Lula. “A memória de Michel Nisenbaum segue viva e não deixaremos de honrá-la. Na época do ataque, o presidente Lula disse que nenhum brasileiro ficaria para trás: Michel ficou.”

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, sob crescente pressão interna por causa dos reféns, afirmou em comunicado que, “juntamente com o povo israelense, minha esposa Sara e eu curvamos nossas cabeças com profunda dor e abraçamos as famílias enlutadas nestes tempos difíceis”.

Por sua vez, o presidente francês, Emmanuel Macron, expressou a sua “imensa tristeza” pela morte de Hernández Radoux numa mensagem nas redes sociais. Radoux era namorado de Shani Louk, 23, germano-israelense que trabalhava como DJ. Ambos estavam no festival de música eletrônica Nova, que ocorria perto da fronteira com Gaza. Os terroristas invadiram a rave no início da manhã e mataram cerca de 360 pessoas, mais de um quarto de todos os 1.200 mortos contabilizados por Tel Aviv no 7 de Outubro.

Um vídeo que circulou nas redes sociais após os ataques e causou indignação mostrava Shani Louk seminua na parte de trás de uma caminhonete, sendo agredida pelos terroristas. Acredita-se que ela já estivesse morta.

O outro refém cujo corpo foi recuperado nesta sexta, Hanan Yablonka, também estava na festa, com amigos. Ele era divorciado e tinha dois filhos, de 9 e 12 anos.

O Fórum das Famílias, grupo que representa parentes dos reféns, fez novo apelo ao governo israelense para aumentar os esforços por um acordo que traga de volta os que ainda estão em cativeiro em Gaza.

“A recuperação dos seus corpos é um lembrete silencioso, mas resoluto, de que o Estado de Israel é obrigado a enviar imediatamente equipes de negociação com uma exigência clara de chegar a um acordo que devolverá rapidamente todos os reféns para casa: os vivos para reabilitação e os assassinados para enterro”, afirmou em comunicado.

Antes do anúncio desta sexta-feira (24), Tel Aviv contabilizava 252 capturados pelo Hamas, entre israelenses e cidadãos de outros países, dos quais 138 ainda não haviam sido libertados. Do total mantido em cativeiro, acreditava-se que 36 já tivessem sido mortos.

Fonte: Folha de São Paulo

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