A maioria das igrejas na Síria restringiu as celebrações de Natal e as limitou a orações em solidariedade aos palestinos que estão sofrendo com a guerra entre Israel e o Hamas em Gaza. “As pessoas estão sofrendo na Palestina, o local de nascimento de Jesus Cristo”, diz Dionysius Antoine Shahda, arcebispo católico de Aleppo, no nordeste sírio, à agência de notícias AFP.
Na cidade meridional de Azizia, era comum montarem uma árvore de Natal e organizarem uma feira natalina, mas, este ano, a praça central está vazia e não há as tradicionais decorações. “Na Síria, cancelamos todas as celebrações e eventos em nossas igrejas em solidariedade às vítimas dos bombardeios em Gaza pelo Exército de Israel”, acrescenta Shahda.
A decisão da Igreja Católica síria recebeu o apoio das instituições dos ortodoxos gregos e sírios, que também limitaram suas atividades natalinas. “Levando em consideração a situação atual, especialmente em Gaza, os patriarcas sentem muito, mas não organizarão eventos natalinos”, afirmaram em comunicado os líderes religiosos dos católicos, ortodoxos sírios e gregos.
O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, anunciou neste domingo (24) que os bombardeios e incursões terrestres de Israel ao território palestino causaram 20.424 mortes, a maioria mulheres e crianças, desde 7 de outubro. Nessa data, cerca de 1.200 pessoas morreram em território israelense no ataque terrorista do Hamas que desencadeou a ofensiva israelense.
A situação no território palestino, completamente cercado por Israel desde 9 de outubro, é catastrófica. A maioria dos hospitais não está funcionando, e a população enfrenta altos níveis de insegurança alimentar, segundo a ONU.
Antes do início da guerra civil na Síria em 2011, havia 1,2 milhão de cristãos vivendo no país do Oriente Médio. Durante o conflito, as celebrações de Natal diminuíram, mas foram retomadas nos últimos anos, à medida que os combates arrefeceram e o governo de Damasco recuperou o controle da maior parte do território.
Mas neste mês de dezembro, paira um clima sombrio sobre a capital síria, onde o espírito natalino se limita a uma feira e à catedral ortodoxa de Damasco, que montou uma árvore pequena e decorações austeras. “Este ano estamos muito tristes. Começou com o terremoto e terminou com a guerra em Gaza”, diz Rachel Haddad, 66, moradora de Damasco, referindo-se ao terremoto em fevereiro que deixou um rastro de 55 mil mortos na Turquia e na Síria.
Além disso, ela lamenta a fragilidade da situação econômica na Síria, onde há escassez de combustível e frequentes cortes de energia. “Não há eletricidade. Como vocês esperam ver decorações e luzes em qualquer lugar?”, pergunta retoricamente Haddad.