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Mulher que queria desafiar Putin na Rússia é impedida de disputar eleições – 23/12/2023 – Mundo

A ex-jornalista de TV Ekaterina Duntsova foi desqualificada neste sábado (23) de concorrer contra o presidente Vladimir Putin nas eleições na Rússia em março do ano que vem, devido a supostas falhas em sua inscrição como candidata.

A divulgação de um vídeo de uma reunião da comissão eleitoral mostra os membros votando unanimemente para rejeitar a candidatura de Duntsova, que queria concorrer com uma plataforma para acabar com a guerra na Ucrânia e libertar prisioneiros políticos.

Sua desqualificação foi tida pelos críticos de Putin como uma prova de que ninguém com opiniões de oposição genuínas poderá concorrer contra ele na primeira eleição presidencial desde o início da guerra, em fevereiro de 2022. Os críticos veem o pleito como um processo falso com apenas um resultado possível.

Para o Kremlin, Putin vencerá porque ele desfruta de apoio genuíno de toda a sociedade, com índices de aprovação de cerca de 80% nas pesquisas de opinião.

Ella Pamfilova, a chefe da comissão eleitoral, ofereceu palavras de consolo a Duntsova após sua rejeição. “Você é uma mulher jovem, tem tudo pela frente. Qualquer menos pode sempre se transformar em um mais. Qualquer experiência ainda é uma experiência”, afirmou.

Capturas de tela divulgadas por um canal no Telegram que representa Duntsova mostraram documentos que a comissão havia destacado como carentes de assinaturas adequadas.

Duntsova, de 40 anos, disse a jornalistas que sua equipe havia montado a inscrição às pressas e teve dificuldade em encontrar um advogado para certificar a candidatura, depois que dezenas de outros se recusaram.

Ela apresentou os documentos à comissão eleitoral menos de 72 horas antes de ser desclassificada, e foi amplamente ignorada pela mídia estatal pró-Kremlin, que também deixou de relatar sua desqualificação.

Quando Duntsova disse no mês passado que queria concorrer, comentaristas a descreveram como louca, corajosa ou parte de um plano roteirizado pelo Kremlin para criar a aparência de competição.

“Qualquer pessoa sensata que dê esse passo teria medo, mas o medo não pode vencer”, disse ela à agência de notícias Reuters em novembro.

Abbas Galliamov, ex-redator de discursos do Kremlin agora rotulado pelas autoridades como “agente estrangeiro”, isto é, um inimigo, disse que Putin não queria arriscar o mesmo cenário de Aleksandr Lukashenko.

O líder da Belarus se agarrou ao poder em 2020 com a ajuda do que a oposição e os governos ocidentais disseram ser uma fraude eleitoral para permitir que ele reivindicasse a vitória sobre a candidata da oposição, Svetlana Tikhanovskaia.

“O efeito Tikhanovskaia é absolutamente possível, e no Kremlin eles entendem isso”, escreveu Galliamov em um canal no Telegram.

Com Putin no controle total do poder, e prestes a se candidatar pela quinta vez, apoiadores e opositores dizem que ele vencerá facilmente o pleito para um novo mandato de seis anos. Se ele completar o termo, se tornará o líder mais longevo da Rússia desde o século 18, superando todos os governantes soviéticos, incluindo Josef Stálin.

O oponente mais conhecido de Putin, Alexei Navalni, está cumprindo sentenças de prisão que totalizam mais de 30 anos, e seus apoiadores dizem que nem mesmo sabem onde ele está, depois de serem informados de que Navalni havia sido transferido da colônia penal anterior no início deste mês. Advogados tiveram acesso a ele pela última vez em 6 de dezembro.

O Partido Comunista da Rússia, cujos candidatos terminaram em um distante segundo lugar para Putin em todas as eleições desde 2000, se reuniu neste sábado para indicar Nikolai Kharitonov, um homem de 75 anos que concorreu anteriormente em 2004 e obteve 14% dos votos contra os 71% de Putin.

Outro dos partidos de oposição nominais no parlamento, o partido A Just Russia For Truth, informou no sábado que apoiaria a candidatura de Putin, de acordo com a agência de notícias estatal RIA.

Fonte: Folha de São Paulo

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