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Conheça o hospital das despedidas, onde os pacientes vão para morrer com dignidade

“Era aqui que eu começava a corrida dos três faróis: de Humaitá, passava pelo Farol da Barra e ia até o Farol de Itapuã”, contou Ayrton dos Santos Pinheiro, contemplando o mar de Salvador que se abria diante da sua janela.

Era uma segunda-feira no início de junho, céu claro na capital da Bahia após dias seguidos de chuvas intensas, e Ayrton, de 90 anos, estava em uma das três camas espalhadas por um quarto amplo e bem iluminado no hospital Mont Serrat.

“Quando me disseram que eu viria para este hospital, eu não sabia que ele ficava aqui”, seguiu, falando das instalações na Ponta de Humaitá, no alto do bairro Monte Serrat, na Cidade Baixa.

As lembranças forçaram Ayrton a fazer pausas na fala. Tomando fôlego, com a voz embargada, falou com detalhes dos anos como corredor, da família e do nascimento de um dos filhos naquele bairro.

Nascido em Pojuca, um pequeno município na Região Metropolitana de Salvador, ele chegou à capital por volta dos 8 anos com a família e, até hoje, se encanta com a cidade de onde nunca mais saiu. “É linda”, disse.

Abriu uma agência de turismo, casou-se e tocou a vida entre o esporte, o trabalho e a família.
Ayrton ficou surpreso quando descobriu no hospital, por fim, que estava em um pedaço da cidade que trazia tantas lembranças boas. “Quando cheguei aqui, minhas forças se renovaram.”

Ele ocupava um dos 70 leitos do Mont Serrat, que funciona em um casarão do século 19, próximo a um dos pontos mais conhecidos de Salvador, a igreja do Senhor do Bonfim.
Antes, era o hospital de infectologia Couto Maia, mas desde o fim de janeiro é ali que se instalou o primeiro, e até o momento único, hospital geral de cuidados paliativos do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil.

Antes do Mont Serrat, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) desenvolveu uma estrutura, o Hospital do Câncer IV, para direcionar seus pacientes com indicação de cuidados paliativos, também totalmente mantida pelo SUS.

Os cuidados paliativos focam na melhora da qualidade de vida e dos sintomas dos pacientes com doenças graves ou que não têm cura. A abordagem, que também é centrada no cuidado dos familiares, não acelera nem abrevia o processo de morte do paciente, mas busca reduzir o sofrimento físico, psicológico e espiritual.

“Aqui, o foco da gente não é a morte. Aqui, o foco da gente é cuidado enquanto vida tiver”, diz a médica Karoline Apolônia, coordenadora do Núcleo de Cuidados Paliativos da Secretaria de Saúde da Bahia.

Fonte: TNH1

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