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Irã: Relatório diz que estoque de urânio segue intacto – 26/06/2025 – Mundo

Avaliações preliminares de inteligência fornecidas a governos europeus indicam que o estoque de urânio altamente enriquecido do Irã permanece em grande parte intacto após os ataques dos Estados Unidos às principais instalações nucleares do país, segundo dois funcionários ouvidos pelo Financial Times.

De acordo com o relato, o documento indica que o estoque de 408 kg de urânio enriquecido a níveis próximos ao de armamento não estava concentrado em Fordow —um das principais usinas do Irã— no momento do ataque do último fim de semana.

Segundo as avaliações, o material havia sido distribuído por diversos outros locais.

As descobertas colocam em dúvida a afirmação do presidente dos EUA, Donald Trump, de que o bombardeio aniquilou o programa nuclear iraniano.

Os funcionários ouvidos pelo Financial Times relataram que os governos dos membros da União Europeia ainda aguardavam um relatório completo de inteligência sobre a extensão dos danos a Fordow —que foi construída nas profundezas de uma montanha perto da cidade sagrada de Qom. Uma avaliação inicial , porém, sugeria “danos extensos, mas não destruição estrutural completa”.

Autoridades iranianas sugeriram que o estoque de urânio enriquecido foi movido antes do bombardeio americano da usina, que ocorreu após dias de ataques israelenses ao país.

Os EUA usaram bombas anti-bunker para atacar Fordow e Natanz, a outra principal instalação de enriquecimento de urânio do Irã, no domingo (22). E dispararam mísseis de cruzeiro contra um terceiro local, Isfahan, que era utilizado no ciclo de conversão de combustível e para armazenamento.

Trump disse à imprensa em uma cúpula de líderes da Otan, aliança militar ocidental liderada pelos EUA, esta semana: “Acho que todo o material nuclear está lá embaixo porque é muito difícil de remover.” Nesta quinta, declarou que nada foi tirado antes do bombardeio.

Ele rejeitou uma avaliação provisória de inteligência americana, vazada para a mídia americana, que dizia que o programa nuclear do Irã havia sofrido um retrocesso de apenas alguns meses.

A Comissão de Energia Atômica de Israel disse nesta semana que os ataques dos EUA e de Israel “atrasaram a capacidade do Irã de desenvolver armas nucleares em muitos anos”.

Mas especialistas alertam que, se Teerã tiver mantido seu estoque de urânio enriquecido e instalado centrífugas avançadas em locais ocultos, ainda pode ter a capacidade de produzir o material físsil necessário para uma arma.

O Irã insiste que seu programa é para fins pacíficos.

Fordow era o principal local para enriquecer urânio até 60% de pureza, um passo antes do nível para armas. Especialistas disseram que o estoque de 408 kg de urânio enriquecido a 60% estava armazenado em Fordow, Natanz e Isfahan antes de Israel lançar sua guerra contra o Irã em 13 de junho.

O estoque total de urânio enriquecido do Irã era de mais de 8.400 kg, mas a maior parte estava enriquecida a níveis baixos.

Imagens de satélite de Fordow após o bombardeio de domingo mostram entradas de túneis aparentemente seladas com terra e buracos que podem ser os pontos de entrada das bombas anti-bunker lançadas pelos EUA. As estradas de acesso também parecem danificadas.

Veja a fortaleza nuclear de Fordow antes e depois do ataque

A imagem mostra uma vista aérea de uma instalação em uma área montanhosa. A estrutura principal é um edifício retangular branco localizado na parte inferior da imagem. Estradas se entrelaçam ao redor da instalação, formando um contorno que parece ser uma cerca ou limite. O terreno é árido e montanhoso, com várias formações rochosas visíveis ao redor.

Imagens de satelite mostram a central nuclear subterrânea de Fordow, no Irã, antes e depois de se alvejada por seis superbombas neste domingo pelos EUA

Maxar Technologies/AFP

Rafael Grossi, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), disse nesta semana que o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, enviou uma carta à AIEA em 13 de junho alertando que o Irã “adotaria medidas especiais para proteger nossos equipamentos e materiais nucleares”.

Grossi disse que os inspetores da agência de vigilância nuclear da ONU, que não puderam visitar as usinas desde que Israel lançou seu ataque ao Irã, deveriam ter permissão para retornar aos locais para “contabilizar os estoques de urânio, incluindo, mais importante, os 408 kg enriquecidos a 60%”.

Os EUA não forneceram relatórios de inteligência aos aliados da UE sobre as capacidades nucleares remanescentes do Irã após os ataques e estão retendo informações sobre como planejam as relações futuras com Teerã, segundo três pessoas familiarizadas com as tratativas.

A política da UE em relação a Teerã estava “em espera”, aguardando uma nova iniciativa de Washington para buscar uma solução diplomática para a crise nuclear. Segundo esses relatos, as conversas entre Trump e os líderes da Europa nesta semana não conseguiram fornecer uma mensagem clara.

O governo Trump estava realizando negociações com Teerã antes da guerra, na esperança de um acordo para conter suas atividades nucleares.

O republicano disse na quarta-feira (25) que Washington conversaria com Teerã na próxima semana, mas também sugeriu que um acordo poderia não ser necessário após os ataques às usinas nucleares do Irã.

“É completamente errático”, disse uma das pessoas ouvidas. “Por enquanto, não estamos fazendo nada.”

Ministros das Relações Exteriores britânicos, franceses e alemães haviam realizado conversas sobre a crise nuclear com Araghchi dias antes dos ataques dos EUA, esperando garantir uma solução diplomática.

Agora, o E3 está esperando pelos EUA, que parecem estar esperando pelos israelenses, disse uma segunda pessoa, referindo-se ao grupo da França, Alemanha e Reino Unido, que, junto com a UE, tem participado de negociações com o Irã.

Fonte: Folha de São Paulo

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