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Armênia desmantela suposta tentativa de golpe, diz premiê – 25/06/2025 – Mundo

O primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, afirmou nesta quarta-feira (25) que as forças de segurança desmantelaram um suposto plano de golpe de Estado que teria como figura central o arcebispo Bagrat Galstanyan, um proeminente líder da Igreja Apostólica Armênia e da oposição.

Galstanyan, que encabeçou uma série de protestos contra o governo no ano passado, é acusado pelas autoridades armênias de ter conspirado para tomar o poder com apoio de ex-militares.

Em um comunicado, o Comitê Investigativo do país afirmou que o religioso e seus supostos cúmplices “adquiriram os meios e ferramentas necessários para cometer um ataque terrorista e tomar o controle do Estado”.

Segundo as investigações, o grupo teria recrutado mais de 1.000 pessoas —em sua maioria ex-soldados e policiais— que estariam planejando bloquear estradas, paralisar o tráfego, incitar a violência e cortar o acesso à internet. Operações de busca foram realizadas na residência do arcebispo e em casas de cerca de 30 de seus apoiadores.

“Os agentes das forças de segurança desmantelaram um plano sinistro em larga escala do ‘clero criminoso-oligárquico’ para desestabilizar a República da Armênia e tomar o poder”, escreveu Pashinyan em seu canal no Telegram.

O governo também divulgou gravações de áudio que supostamente mostram Galstanyan discutindo os detalhes do golpe com aliados. Os assessores do arcebispo negam as acusações.

O deputado Garnik Danielian, próximo a Galstanyan, classificou a ação do governo como típica de “um regime ditatorial”.

Esta foi a segunda prisão de um opositor neste mês. O russo-armênio Samvel Karapetyan, bilionário do setor imobiliário, também foi detido sob a acusação de fazer apelos públicos à usurpação do poder. Ele nega envolvimento em atos ilegais.

Pashinyan, que chegou ao poder em 2018 com apoio popular após protestos de rua, enfrenta críticas crescentes desde a derrota militar para o Azerbaijão em 2020.

Os dois países da antiga União Soviética travaram uma série de guerras desde o final dos anos 1980, quando Nagorno-Karabakh, uma região controlada pelo Azerbaijão que à época tinha uma população majoritariamente armênia, declarou independência com o apoio do governo armênio.

Em 2020, o Azerbaijão lançou uma ofensiva militar e retomou os sete distritos e cerca de um terço de Nagorno-Karabakh em 44 dias. A Segunda Guerra de Karabakh foi encerrada com um acordo que estabelecia uma zona tampão, ligando a região e a Armênia.

A situação se agravou em setembro de 2023, quando o Azerbaijão lançou uma ofensiva relâmpago e retomou o controle total de Nagorno-Karabakh, levando quase todos os 100 mil armênios étnicos do território a fugirem para a Armênia. A maioria agora vive como refugiada no país.

A tensão geopolítica permanece alta —um acordo de paz foi desenhado em março deste ano, mas o documento ainda não foi assinado por nenhum dos dois países. Embora Pashinyan tenha sinalizado a intenção de assinar o tratado, o número de violações do cessar-fogo aumentou neste ano.

As próximas eleições parlamentares na Armênia estão marcadas para junho de 2026. Até lá, o governo enfrenta o desafio de conter a crescente insatisfação popular e lidar com a pressão por estabilidade política e segurança nacional.

A Armênia faz fronteira com a Geórgia, Azerbaijão, Turquia e Irã. É aliada da Rússia, mas as relações com Moscou têm se deteriorado nos últimos anos.

Questionado sobre a suposta tentativa de golpe, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que se trata de um assunto interno da Armênia, mas que a Rússia tem interesse na preservação da calma e da ordem no país.

Fonte: Folha de São Paulo

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