Promotores da Colômbia solicitaram nesta terça-feira (24) a condenação por suborno e fraude processual de Álvaro Uribe, o primeiro ex-presidente a enfrentar um julgamento criminal na história do país.
Desde maio de 2024, o líder de direita, que governou de 2002 a 2010, vem sendo julgado sob acusação de pressionar paramilitares para omitirem seu suposto envolvimento com esquadrões antiguerrilha.
Segundo os promotores, Uribe, 72, teria oferecido subornos para que testemunhas prestassem depoimentos em seu favor, o que pode resultar em até oito anos de prisão.
O processo começou em 2012, quando Uribe acusou o parlamentar de esquerda Iván Cepeda de “buscar falso testemunho” em prisões para vinculá-lo a paramilitares.
A Suprema Corte não apenas se absteve de processar Cepeda, como também, em 2018, passou a investigar o ex-presidente por suspeita de manipulação de testemunhas.
Uribe chegou a receber ordem de prisão domiciliar em 2020, quando a máxima instância da Justiça colombiana avaliou que sua liberdade poderia atrapalhar o curso da investigação. À época senador, ele renunciou ao cargo em uma estratégia que transferiu o caso para a Justiça comum, que suspendeu a ordem de prisão e reiniciou o processo.
Uribe nega as acusações e afirma que o julgamento tem motivação política. O prazo de prescrição expira na segunda semana de outubro.
Os procuradores dizem ter gravações telefônicas e depoimentos que demonstram como Uribe teria buscado forjar versões para se desvincular de grupos paramilitares — organizações extremistas que lideraram uma guerra contra as guerrilhas de esquerda entre os anos 1990 e 2000.
Seu governo ficou marcado pelo combate a esses grupos e pela abordagem dura nas negociações. Mesmo já fora da Presidência, ele liderou em 2016 a campanha pelo ‘não’, que saiu vitoriosa no plebiscito sobre um acordo de paz com as Farc.
Nos últimos anos, porém, sua imagem foi se desgastando, e o uribismo — a força política que o cerca — perdeu influência.
Uribe também está envolvido em uma investigação de que possivelmente teria conhecimento antecipado do assassinato de um defensor direitos humanos e de um massacre contra camponeses durante seu governo.
Além disso, ele foi recém-denunciado em um tribunal da Argentina por supostamente ter responsabilidade em mais de 6.000 assassinatos e desaparecimentos de civis nos anos de 2002 a 2008, o que seria enquadrado como crimes contra a humanidade, durante a guerra que seu governo travou contra as guerrilhas. Ele nega.