Lideranças expressivas da autêntica música regional nordestina decidiram reagir contra a invasão, no período dos tradicionais festejos juninos, de cantores, bandas e ritmos que nada têm a ver com a nossa cultura.
Em manifestações nas redes sociais e até mesmo nos palcos que são forçados a compartilhar com esses “estrangeiros”, nossos legítimos representantes musicais partiram para a defesa do forró autêntico, consagrado mundo afora por três instrumentos básicos: sanfona, triângulo e zabumba.
O principal argumento é incontestável: exatamente nesse período de festas juninas é que os músicos praticantes do forró raiz conseguem contratos para apresentações e, assim, propagam o que de melhor oferece o cancioneiro do Nordeste.
Mas dependem basicamente do apoio de gestores públicos, justamente os que, por motivos nem sempre muito republicanos, preferem abrir espaço para artistas de cachês milionários e sem nenhuma identidade com a tradição regional.
“Se não trouxer atrações de fora ninguém vai assistir”, costumam alegar esses gestores sem qualquer compromisso com nossas raízes culturais.
Mera falácia: o povo segue mesmo o que lhe oferecem.
Em Maceió, num ano em que o vice-prefeito Alberto Sextafeira substituía Kátia Bornem pleno festejo junino, a Prefeitura chegou a anunciar que não realizaria a festa por falta de recursos, por orientação do setor financeiro.
O saudoso Sextafeira, um entusiasmado pelas manifestações culturais, não se conformou, refez as contas e de última hora, menos de uma semana antes da abertura do São João, como prefeito interino anunciou uma programação com forrozeiros genuinamente alagoanos e apenas uma atração de fora, no encerramento: o cearense Fagner.
Quem apostava em fracasso se deu mal: como nem os ambulantes acreditavam que a empreitada daria certo, no primeiro dia do evento antes da meia-noite já não havia mais nenhuma cerveja para vender…
Ou seja, para dar vez aos artistas locais, com cachês bem mais em conta, basta querer, pois o povo vai prestigiar do mesmo jeito.
E, além de preservar nossa cultura popular, o gestor público vai gastar muito menos o recurso financeiro que não é dele – é do contribuinte.