Tiros e ataques aéreos atribuídos a Israel mataram pelo menos 41 palestinos na Faixa de Gaza neste domingo (15), de acordo com autoridades locais de saúde. Cinco das vítimas estavam próximas a dois pontos de distribuição de ajuda operados pela FHG (Fundação Humanitária de Gaza), apoiada pelos Estados Unidos.
Médicos do Hospital al-Awda, na parte central de Gaza, disseram que pelo menos três pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas enquanto tentavam chegar perto de um ponto de distribuição da FHG, próximo ao corredor de Netzarim. Outras duas pessoas foram mortas a caminho de outro ponto de ajuda em Rafah, no sul.
Um ataque aéreo matou outras sete pessoas na cidade de Beit Lahiya, ao norte, disseram os médicos. No campo de Nuseirat, no centro de Gaza, médicos informaram que um ataque aéreo israelense matou pelo menos 11 pessoas em uma casa. As demais vítimas foram mortas em ataques aéreos separados no sul de Gaza, acrescentaram. O Exército de Israel não comentou.
A FHG iniciou a distribuição de pacotes de alimentos em Gaza no fim de maio, após bloqueio de Israel de quase três meses. Vários palestinos foram mortos em tiroteios diários enquanto tentavam conseguir comida.
Neste domingo, a organização anunciou em comunicado que retomou as entregas de alimentos, distribuindo mais de dois milhões de refeições a partir de seus três pontos de distribuição. Segundo a FHG, não houve incidentes.
As Nações Unidas rejeitam o novo sistema de distribuição apoiado por Israel, considerando-o inadequado, perigoso e uma violação dos princípios de imparcialidade humanitária.
A Cogat, agência israelense de coordenação de ajuda, afirmou que nesta semana facilitou a entrada de 292 caminhões com ajuda humanitária da ONU e da comunidade internacional, incluindo alimentos e farinha, em Gaza.
A agência afirmou que o Exército israelense continuará permitindo a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, enquanto tenta garantir que ela não chegue ao Hamas. O grupo terrorista nega as acusações israelenses de roubo de ajuda e afirma que Israel está usando a fome como arma contra a população de Gaza.
O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, afirmou no sábado (14), em comunicado, que pelo menos 300 pessoas foram mortas e mais de 2.600 ficaram feridas perto dos pontos de distribuição de ajuda desde que a FHG iniciou suas operações em Gaza.
“Isso não é ajuda humanitária, são armadilhas para os pobres e os famintos sob a vigilância dos aviões de ocupação”, disse neste domingo Munir al-Bursh, diretor-geral do Ministério da Saúde, na rede social X. “A ajuda distribuída sob fogo não é ajuda, é humilhação.”
A guerra em Gaza eclodiu há 20 meses, após terroristas do Hamas invadirem Israel, tomarem 251 reféns e matarem 1.200 pessoas, a maioria civis, em 7 de outubro de 2023.
A campanha militar de Israel, desde então, matou quase 55 mil palestinos, a maioria civis, segundo as autoridades de saúde de Gaza, e devastou grande parte do território, que abriga mais de 2 milhões de pessoas. A maior parte da população está deslocada por causa das operações israelenses.