O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, aceitou nesta quarta-feira (4) a proposta do primeiro-ministro do país, Luís Montenegro, para manter a maioria dos mesmos ministros-chave em seu novo gabinete, após sua aliança de centro-direita vencer uma eleição antecipada no mês passado e continuar à frente do governo.
Montenegro havia convocado a eleição para 18 de maio após perder um voto de confiança. Embora sua coligação Aliança Democrática (AD) tenha vencido, novamente ficou aquém de uma maioria funcional em um parlamento fragmentado no qual o partido de ultradireita Chega emergiu como a principal força de oposição, igualando seu número de cadeiras ao da esquerda no Parlamento.
Montenegro, que chegou ao poder pela primeira vez em 2024, propôs a renomeação de Joaquim Miranda Sarmento como ministro das Finanças, informou o gabinete do presidente, em comunicado. A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, e o ministro dos Negócios Estrangeiros (Relações Exteriores), Paulo Rangel, também manterão seus cargos.
Montenegro criou um novo ministério, combinando as pastas da Economia e Coesão Territorial, que será liderado por Manuel Castro Almeida. O Ministro da Economia, Pedro Reis, não continuará no cargo.
O novo governo tomará posse nesta quinta-feira (5), informou o gabinete de Rebelo de Sousa.
Montenegro prometeu continuar a política estabelecida no ano passado com o objetivo de reduzir impostos para jovens, classe média e empresas, controlar a imigração e enfrentar desafios de uma crise habitacional, mantendo um pequeno superávit orçamentário.
O novo gabinete é uma forte indicação de continuidade política, disse à agência Reuters Filipe Garcia, diretor da consultoria Informação de Mercados Financeiros. “O fato de Montenegro ter mantido o ministro das Finanças, que é o mais importante, e os ministros de quase todas as pastas, sinaliza isso”, afirmou.
A eleição foi convocada depois que Montenegro não conseguiu vencer um voto de confiança em março, quando a oposição questionou a integridade do premiê em caso suspeito de conflito de interesses envolvendo negócios da empresa de consultoria de sua família. Ele nega qualquer irregularidade.
Era, na ocasião, a segunda vez em dois anos que o governo caía em Portugal. “Os portugueses não querem mais eleições antecipadas. Querem uma legislatura de quatro anos. Às oposições cabe respeitar a vontade popular”, disse Montenegro em seu discurso de vitória, em maio.