Membros da oposição ao governo Lula (PT) criticaram a primeira-dama, Janja, pela fala feita durante jantar com o líder da China, Xi Jinping, no qual ela comentou supostos efeitos nocivos do TikTok (plataforma chinesa) em crianças e mulheres.
De acordo com integrantes da comitiva ouvidos pela Folha, a declaração inesperada teria causado constrangimento e desconforto. Nomes como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) usaram as redes sociais para falar do episódio e criticar a conduta de Janja.
“Nem o Xi Jinping quis render a narrativa de algoritmo da Janja”, escreveu.
O deputado é um dos principais nomes da oposição a usar as redes sociais para comentar acontecimentos do governo e criticar a gestão de Lula, como durante a veiculação da fake news de taxação do Pix e o recente escândalo de descontos indevidos em benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Em entrevista coletiva no fim de sua viagem a Pequim, Lula negou que tenha havido desconforto. “Eu perguntei ao companheiro Xi Jinping se era possível ele enviar para o Brasil uma pessoa da confiança para a gente discutir a questão digital –sobretudo o TikTok“, disse Lula. “E aí a Janja pediu a palavra para explicar o que está acontecendo no Brasil, sobretudo contra as mulheres e as crianças.”
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ) escreveu: “Janja foi pra China, tentou lacrar… e passou vergonha internacional. Criticou o TikTok bem na frente de Xi Jinping — num encontro diplomático! Irritou a comitiva chinesa e envergonhou o Brasil. Primeira-dama não é chanceler. Diplomacia não é palco de lacração.”
Outros nomes do PL como o deputado federal Carlos Jordy (RJ) acompanharam as críticas. “Vexame Internacional!”, escreveu ele.
Paulo Bilynskyj (SP), por sua vez, insinuou que Xi Jinping iria ajudar Lula e Janja a censurarem as redes sociais, o que não foi afirmado pelos envolvidos no jantar.
O deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) republicou trecho da notícia que relatava o caso e ironizou: “Muito obrigado, Janja. Fala mais!”
O vazamento do conteúdo da conversa irritou o presidente Lula, que repreendeu sua delegação durante a coletiva em Pequim.
“Alguém teve a pachorra de contar uma conversa que aconteceu em um jantar e que era muito pessoal e confidencial”, afirmou. “Se o ministro estivesse incomodado, ele deveria ter me procurado e pedido para sair [da reunião].”
Segundo Lula, além das autoridades chinesas, só estavam presentes no encontro seus ministros, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o deputado Elmar Nascimento (União-BA).