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Sobrevivente de atentado do Hamas volta a local do ataque – 08/11/2023 – Mundo

Lágrimas encheram os olhos de May Hayat, 30, quando ela retornou ao local da Universo Paralello, festival de música eletrônica atacado pelo grupo terrorista Hamas há um mês.

Ela trabalhava como bartender no evento que ocorria perto do kibbutz Re’im, em Israel, a poucos quilômetros da cerca de segurança da Faixa de Gaza e um dos pontos do atentado de 7 de outubro. O grupo islâmico matou 260 participantes do festival, além de fazer reféns. Ao todo, foram cerca de 1.400 mortos e 200 sequestrados naquele dia.

Na última segunda-feira (6), Hayat, que mora em Tel Aviv, retornou ao local pela primeira vez na esperança de que a atitude a ajudasse a lidar com o trauma e desbloqueasse as lágrimas que, segundo ela, só caíram uma vez no último mês.

O cenário do festival estava drasticamente diferente em relação ao dia do ataque, após todos os corpos das vítimas e grande parte dos destroços serem removidos do local. Ela se assustou cada vez que ouviu um barulho alto e chegou a deitar no chão para se proteger do que parecia ser um disparo de foguete de Gaza.

Hayat conta que o Hamas começou a lançar foguetes no dia 7 de outubro por volta das 6h30, quando os jovens ainda dançavam na festa. Os disparos com armas começaram quando os atiradores chegaram ao festival —alguns a pé, outros de moto.

Ela e um homem conseguiram se esconder em um buraco, mas foram descobertos pelos terroristas. “Naquele momento, eu estava simplesmente conversando com Deus. ‘Não há mais nada que eu possa fazer, está em suas mãos agora’, eu pensava. Senti que eles iam me estuprar”, disse ela.

O homem que estava com ela foi morto a tiros, mas Hayat disse que conseguiu escapar porque um dos dois atiradores que a seguravam teve pena dela. “Ele simplesmente me disse para ir embora enquanto o outro terrorista discutia, dizendo que queria me matar. Eu pude ver como eles estavam brigando sobre se me matariam ou não e fugi”, contou.

Então, ela se escondeu debaixo de um palco. “Enquanto eu estava deitada, vi que eles estavam atirando nas pessoas para se certificar de que estavam todas mortas”, disse ela. “Então eu peguei o sangue do corpo que estava ao meu lado —eles atiraram na cabeça dele—, esfreguei no meu rosto e simplesmente fiquei quieta para parecer morta.”

Seu sofrimento terminou horas depois, quando soldados israelenses chegaram. “Levei alguns minutos para entender que era o exército que eu estava ouvindo chegar, então gritei por ajuda e eles vieram me resgatar”, disse.

Hayat contesta a ideia de que o Hamas é uma organização que age em autodefesa. “Eles são terroristas, querem nos matar”, disse ela à agência de notícias Reuters. “Eles também mataram árabes israelenses aqui, todos que vivem em Israel são alvos.”

“Eventualmente, chegarão a outros países”, acrescentou. “Espero que você acorde antes que isso chegue até você.”

Hayat é uma das muitas israelenses que estão lutando para lidar com os eventos de 7 de outubro que desencadearam uma guerra para eliminar o Hamas, que controla a Faixa de Gaza. Desde então, os ataques israelenses no território palestino mataram mais de 10 mil pessoas, cerca de 40% delas crianças, segundo contagens de autoridades locais.

Fonte: Folha de São Paulo

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