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Hamas diz ter ‘guerra permanente’ contra Israel como alvo – 08/11/2023 – Mundo

Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro, no qual Israel diz que cerca de 1.400 pessoas foram mortas e mais de 240 foram sequestradas, os líderes do grupo terrorista elogiam a operação. Alguns esperam, inclusive, que ela termine por desencadear um conflito perene que acabe com qualquer pretensão de coexistência entre Israel, Gaza e países ao redor.

“Espero que o estado de guerra com Israel se torne permanente em todas as fronteiras e que o mundo árabe esteja ao nosso lado”, disse Taher El-Nounou, assessor de mídia do Hamas.

Era necessário “mudar toda a equação e não apenas entrar em confronto”, disse Khalil al-Hayya, da cúpula do Hamas, ao The New York Times, em Doha, no Qatar. “Conseguimos colocar a questão palestina de volta à mesa e agora ninguém na região está experimentando calma.”

Em semanas de entrevistas, líderes do Hamas, além de autoridades árabes, israelenses e ocidentais que acompanham o grupo, afirmaram que o ataque havia sido planejado e executado por um círculo restrito de comandantes em Gaza que não compartilharam detalhes com seus próprios representantes políticos no exterior ou com aliados regionais, como o Hezbollah, pegando não apenas Israel de surpresa.

Os atentados foram tão devastadores que serviram a um dos principais objetivos dos que os planejaram: quebrar um impasse de longa data dentro do Hamas sobre a identidade e o propósito do grupo. Seria principalmente um órgão governante —responsável por administrar a vida cotidiana em Gaza— ou ainda seria fundamentalmente uma força armada, comprometida com a destruição de Israel?

Com o ataque, os líderes do grupo em Gaza —incluindo Yehia Sinwar, que passou mais de 20 anos em prisões israelenses, e Mohammed Deif, um comandante militar que Israel tentou assassinar várias vezes— responderam a essa pergunta. Eles intensificaram o confronto militar.

“O que poderia mudar a equação era um grande ato e, sem dúvida, sabia-se que a reação a isso seria grande”, disse Hayya, acrescentando que “tínhamos que dizer às pessoas que a causa palestina não morreria”.

Um dos comandantes do grupo em Gaza, Yehia Sinwar assumiu o comando do Hamas no território em 2017. Um homem duro e sério, com cabelos brancos cortados rente e uma barba aparada, ele veio da primeira geração do Hamas, fundado durante a Primeira Intifada, no final dos anos 1980 e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos e outras nações.

Sinwar ajudou a criar as brigadas Al-Qassam, a ala armada do Hamas, que se tornou conhecida por ataques suicidas em cidades israelenses e por disparar foguetes de Gaza contra Israel. Ele também fazia o trabalho de contra-inteligência, buscando espiões e desenvolvendo uma reputação de brutalidade contra eles que lhe rendeu o apelido de “açougueiro de Khan Yunis”, cidade de Gaza onde nasceu.

Preso em 1988 em Israel, onde ficou por mais de duas décadas detido, Sinwar retornou a Gaza em 2011 ao ser envolvido em troca de prisioneiros e encontrou o movimento palestino profundamente dividido.

Logo em 2012, ele se tornou o representante da ala armada para a liderança política do Hamas, ligando-o mais estreitamente aos líderes da ala militar, incluindo Deif, o misterioso chefe das brigadas Al-Qassam. Segundo autoridades árabes e israelenses, os dois homens foram os principais arquitetos do ataque de 7 de outubro.

Antes disso, em 2021, o Hamas lançou uma guerra para protestar contra os esforços israelenses de despejar os palestinos de suas casas em Jerusalém Oriental e as incursões da polícia israelense na Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém.

Isso foi um ponto de virada, disse Osama Hamdan, líder do Hamas baseado em Beirute, ao New York Times. Em vez de disparar foguetes por problemas de Gaza, o Hamas estava lutando por preocupações centrais a todos os palestinos, incluindo aqueles fora do território. Os eventos também convenceram muitos no Hamas de que Israel buscava levar o conflito além de um ponto de não retorno que garantiria a impossibilidade de um Estado palestino.

“Os israelenses estavam preocupados apenas com uma coisa: como nos livrarmos da causa palestina?” disse Hamdan. “Eles estavam indo nessa direção e nem sequer pensando nos palestinos. E se os palestinos não resistissem, tudo isso poderia ter acontecido.”

Um oficial de segurança regional disse que o Hamas esperava que, uma vez iniciado o ataque do dia 7 de outubro, palestinos em outros lugares se levantassem contra Israel, outras populações árabes se revoltassem contra seus governos e que os aliados regionais do grupo, incluindo o Hezbollah, se juntassem à luta.

Mas pelo menos quatro serviços de inteligência —dois árabes e dois europeus— avaliaram que o Hezbollah não tinha conhecimento prévio do ataque, segundo autoridades com acesso a relatórios de inteligência.

Os próprios líderes políticos do Hamas fora de Gaza também ficaram surpresos com o ataque, segundo vários funcionários árabes e ocidentais que acompanham seus movimentos. No entanto, eles o elogiaram por revitalizar a luta armada contra Israel.

“O objetivo do Hamas não é governar Gaza e fornecer água e eletricidade e coisas assim”, disse al-Hayya, membro do politburo. “O Hamas, [as brigadas] Qassam e a resistência acordaram o mundo de seu sono profundo e mostraram que essa questão deve permanecer na mesa.”

“Essa batalha não foi porque queríamos combustível ou trabalhadores”, acrescentou. “Não buscou melhorar a situação em Gaza. Essa batalha é para derrubar completamente a situação.”

Fonte: Folha de São Paulo

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