spot_img
HomeMundoMorre papa: católicos de Gaza estão 'de coração partido' - 21/04/2025 -...

Morre papa: católicos de Gaza estão ‘de coração partido’ – 21/04/2025 – Mundo

Membros da pequena comunidade cristã de Gaza disseram que “estão de coração partido” nesta segunda-feira com a morte do papa Francisco, que defendeu a paz para o enclave devastado e falava com eles com por telefone com frequência ao longo da guerra.

Em sua última aparição pública, o pontífice falou da varanda da Basílica de São Pedro, no Vaticano, na tradicional bênção de Páscoa. E citou a “crise dramática e indigna” no território palestino, além de condenar o aumento do antissemitismo pelo mundo e dizer que não há paz sem liberdade religiosa.

Em todo o Oriente Médio, cristãos palestinos, libaneses e sírios, tanto católicos quanto ortodoxos, elogiam o constante engajamento de Francisco com eles como uma fonte de consolo em um momento em que suas comunidades enfrentam guerras, desastres, dificuldades e perseguição.

“Perdemos um santo que nos ensinou todos os dias como ser corajosos, como manter a paciência e permanecer fortes. Perdemos um homem que lutou todos os dias em todas as direções para proteger este pequeno rebanho seu”, disse George Antone, de 44 anos, chefe do comitê de emergência da Igreja da Sagrada Família em Gaza, à Reuters.

Francisco ligou para a igreja horas depois do início da guerra em Gaza, em outubro de 2023, contou Antone, marcando o começo do que o Serviço de Notícias do Vaticano descreveria como uma rotina noturna durante todo o conflito. Ele garantia falar não apenas com o padre, mas com todos os presentes na sala, disse Antone.

“Estamos de coração partido pela morte do Papa Francisco, mas sabemos que ele deixa para trás uma igreja que cuida de nós e que nos conhece pelo nome —cada um de nós”, afirmou Antone, referindo-se aos cristãos de Gaza, que somam algumas centenas.

“Ele costumava dizer a cada um: estou com vocês, não tenham medo.” Francisco ligou pela última vez no sábado à noite, disse o pároco da Igreja da Sagrada Família, padre Gabriel Romanelli, ao Serviço de Notícias do Vaticano. “Ele disse que estava rezando por nós, nos abençoou e agradeceu por nossas orações”, relatou Romanelli.

‘PAZ NESTA TERRA’

Na Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, no local onde muitos cristãos acreditam que Jesus tenha sido crucificado, sepultado e ressuscitado, o superior da comunidade latina, padre Stephane Milovitch, disse que Francisco defendia a paz.

“Desejamos que a paz finalmente chegue em breve a esta terra, e esperamos que o próximo papa possa ajudar a trazer paz a Jerusalém e a todo o mundo”, afirmou.

No Líbano, onde uma guerra entre Israel e o Hezbollah causou inúmeras vítimas e grandes destruições no ano passado, deslocando milhões de pessoas, membros da comunidade maronita católica destacaram as frequentes menções de Francisco ao sofrimento deles.

“Ele é um santo para nós porque carregou o Líbano e o Oriente Médio no coração, especialmente no último período de guerra”, disse um padre na cidade libanesa de Rmeish, gravemente danificada durante a campanha militar de Israel no ano passado.

“Sempre sentimos que ele estava muito envolvido e mobilizou todas as instituições e fundos católicos para ajudar o Líbano durante as crises que enfrentamos”, afirmou Marie-Jo Dib, que trabalha em uma fundação social no Líbano.

“Ele era um rebelde, e eu realmente rezo para que o próximo papa seja como ele”, acrescentou.

Francisco fez viagens repetidas ao Oriente Médio, incluindo ao Iraque em 2021, onde soube que dois homens-bomba tentaram assassiná-lo em Mossul, uma cidade outrora cosmopolita onde o grupo terrorista Estado Islâmico proclamou um califado de 2014 a 2017. Ele visitou as ruínas de quatro igrejas destruídas lá e lançou um apelo pela paz.

Na Síria, o arcebispo Antiba Nicolas disse que estava celebrando missa na histórica igreja Zaitoun, em Damasco, quando recebeu um papel com a notícia. “Ele sempre dizia ‘querida Síria’ toda vez que falava do país. Ele pediu a todas as organizações internacionais que apoiassem a Síria, a presença cristã e a igreja síria durante a crise dos últimos anos”, disse Nicolas.

Fonte: Folha de São Paulo

RELATED ARTICLES

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

- Advertisment -spot_img

Outras Notícias