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Israel arrasou áreas agrícolas em zona restrita de Gaza – 07/04/2025 – Mundo

Equipes do Exército de Israel nivelaram terras agrícolas e demoliram distritos residenciais inteiros e áreas industriais na Faixa de Gaza para abrir a grande zona restrita ao redor do território, de acordo com um relatório divulgado nesta segunda-feira (7) que cita soldados como testemunha dos métodos usados na operação de limpeza do território palestino.

O texto, produzido pela organização israelense de veteranos Breaking the Silence, cita soldados que serviram em Gaza durante a criação da zona de segurança, que estendia-se de 800 m a 1.500 m para dentro do território e foi expandida ainda mais em meio ao conflito.

Israel afirma que a zona restrita ao redor de Gaza é necessária para evitar uma repetição do ataque de 7 de outubro de 2023 do Hamas, que atravessaram a zona de segurança anterior de 300 metros para atacar uma série de comunidades israelenses ao redor de Gaza. O ataque, que matou 1.200 pessoas e terminou com 251 reféns, foi um dos piores desastres de segurança na história de Israel.

“A linha de fronteira é uma zona de morte, uma área mais baixa, uma planície”, diz o relatório, citando um capitão de um corpo de blindados. O Exército de Israel não respondeu a um pedido de comentário sobre o relatório.

O testemunho veio de soldados que serviram em Gaza no final de 2023, logo após as tropas israelenses entrarem no território, até o início de 2024. O relatório, portanto, não contém testemunhos sobre as operações mais recentes para ampliar significativamente a parcela do território palestino controlado pelas Forças Armadas de Israel.

Na expansão inicial da zona, soldados disseram que equipes usando escavadeiras, escavadoras pesadas e milhares de minas e explosivos, destruíram cerca de 3.500 edifícios, assim como áreas agrícolas e industriais que poderiam ter sido vitais na reconstrução pós-guerra da área.

Cerca de 35% das terras agrícolas em Gaza, muitas das quais estão nas bordas do território, foram destruídas, de acordo com um relatório paralelo feito pelo Gisha, outra organização israelense.

“Essencialmente, tudo é derrubado, tudo. Cada edifício e cada estrutura”, diz o relatório, citando um soldado da reserva também atuante em corpo de blindados. Outro soldado disse que a área parecia Hiroshima, em referência à cidade japonesa alvo de uma bomba atômica americana durante a Segunda Guerra Mundial.

Breaking the Silence é um grupo de veteranos das Forças Armadas israelenses que visa conscientizar sobre a experiência das tropas servindo na Cisjordânia ocupada e em Gaza. O grupo diz que falou com soldados que participaram da operação para criar o perímetro e os citou sem revelar seus nomes.

Um soldado de uma unidade de engenharia de combate descreveu o choque que sentiu ao ver a destruição já causada pelo bombardeio inicial da área norte de Gaza quando sua unidade foi enviada pela primeira vez para iniciar a operação de limpeza.

“Foi surreal, mesmo antes de destruirmos as casas quando entramos, era como se você estivesse em um filme”, disse ele. “O que vi lá, tanto quanto posso julgar, estava além do que posso justificar como necessário. É uma questão de proporcionalidade.”

Soldados descreveram a escavação de terras agrícolas, incluindo oliveiras e campos de berinjela e couve-flor, assim como a destruição de zonas industriais, incluindo uma área que continha uma grande fábrica da Coca-Cola e uma empresa farmacêutica.

Um soldado descreveu “uma enorme área industrial, enormes fábricas”, que depois se tornaram “apenas um monte de escombros, pilhas de concreto quebrado.”

A operação de guerra israelense matou até agora mais de 50 mil palestinos, de acordo com autoridades de saúde ligadas ao Hamas que não distinguem entre civis e terroristas. O Exército israelense estima que matou cerca de 20 mil terroristas.

Os ataques aéreos de Israel também nivelaram grandes áreas do território palestino, deixando centenas de milhares de pessoas em edifícios danificados por bombas, tendas ou abrigos temporários.

O relatório afirma que muitos dos edifícios demolidos foram considerados pelo Exército como tendo sido usados por terroristas do Hamas, e cita um soldado dizendo que alguns continham pertences de reféns. Mas muitos outros foram demolidos sem qualquer conexão desse tipo.

Os palestinos não são autorizados a entrar na zona e são alvejados se o fazem, mas o relatório cita soldados dizendo que as regras de engajamento eram frouxas e dependiam muito dos comandantes no local.

“Comandantes de companhia tomam todos os tipos de decisões sobre isso, então, em última análise, depende muito de quem eles são. Mas não há um sistema de responsabilização, de modo geral”, disse o capitão do corpo de blindados.

Outro soldado afirma que, de maneira geral, homens adultos vistos na zona de segurança são mortos, mas que tiros de advertência são disparados no caso de mulheres ou crianças.

“Na maioria das vezes, as pessoas que violam o perímetro são homens adultos. Crianças ou mulheres não entram nesta área”, disse esse soldado.

Fonte: Folha de São Paulo

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