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EUA: Médica com visto regular é deportada para o Líbano – 18/03/2025 – Mundo

Autoridades dos Estados Unidos disseram que deportaram para o Líbano na semana passada uma médica que regressava ao país com visto regular. A medida foi tomada após a descoberta, na pasta de itens excluídos do celular dela, de “fotos e vídeos simpáticos” a um ex-líder da facção extremista Hezbollah e a militantes, segundo agentes de imigração.

Especialista em transplante de rim e professora assistente na Universidade Brown, Rasha Alawieh, 34, atuava no estado de Rhode Island. Ela possuía visto para trabalhadores estrangeiros qualificados. Em entrevista aos agentes no aeroporto de Boston, disse que compareceu em Beirute ao funeral do líder assassinado do Hezbollah, Hassan Nasrallah, a quem apoiava de uma perspectiva religiosa, como muçulmana xiita.

Na sexta (14), uma ordem foi emitida pela Justiça para impedir a deportação imediata de Rasha, a pedido de sua prima Yara Chehab. O Departamento de Justiça dos EUA argumentou a um juiz federal em Boston que a determinação não foi informada oficialmente a tempo e que, portanto, a Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP, na sigla em inglês) não desobedeceu intencionalmente à decisão judicial.

A expulsão da médica em situação regular ocorre enquanto o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, busca restringir as travessias de fronteira e aumentar as prisões de imigrantes.

De acordo com uma transcrição da entrevista dada por Rasha aos agentes do aeroporto, à qual a Reuters teve acesso, ela disse à CBP que não apoiava o Hezbollah, mas tinha grande consideração por Nasrallah por causa de sua religião. “Não sou uma pessoa política”, disse ela. “Sou médica. É principalmente uma questão de fé.”

Com base nessas declarações e na descoberta de fotos em seu telefone de Nasrallah e do aiatolá Ali Khamenei, o líder supremo do Irã, o Departamento de Justiça disse que a CBP concluiu que “não era possível determinar suas verdadeiras intenções nos EUA”.

“Um visto é um privilégio, não um direito. Glorificar e apoiar terroristas que matam americanos é motivo para negar a emissão de visto”, disse a porta-voz do Departamento de Segurança Interna dos EUA, Tricia McLaughlin, em comunicado. “Isso é segurança comum.”

Governos ocidentais, incluindo os EUA, classificam o Hezbollah como um grupo terrorista. O movimento libanês integra o chamado Eixo da Resistência, uma aliança de facções apoiadas pelo Irã no Oriente Médio, que também inclui o terrorista Hamas, responsável pelo ataque a Israel há 17 meses, dando início à guerra na Faixa de Gaza.

O Departamento de Justiça defendeu os agentes da CBP contra os argumentos da equipe jurídica da prima de que a médica foi levada para fora do país na sexta à noite em violação de uma ordem emitida pelo juiz do Distrito dos EUA, Leo Sorokin, naquele dia.

Sorokin havia emitido uma ordem proibindo a deportação de Rasha sem aviso prévio de 48 horas. No entanto, ela foi colocada em um voo para a França naquela noite e voltou ao Líbano.

Segundo a defesa, a ordem de Sorokin havia sido mostrada a um agente da CBP antes do voo da Air France, mas o Departamento de Justiça disse que a notificação deveria seguir o trâmite padrão, o que não teria ocorrido.

Depois da deportação, centenas de manifestantes, incluindo alguns dos colegas de hospital, reuniram-se no gramado da Casa do Estado de Rhode Island, em Providence, para mostrar apoio a Rasha, carregando cartazes que diziam “Seu visto era válido”, “Ela não fez nada de errado” e “Pare com as deportações em massa agora”.

Um porta-voz da Universidade Brown, sediada em Providence, disse que a instituição ainda tentava entender o que ocorreu. Rasha Alawieh era ligada à Brown Medicine, entidade sem fins lucrativos afiliada à escola de medicina da universidade.

Após a notícia da deportação de Rasha, a Brown emitiu no domingo orientações aconselhando seus estudantes, funcionários e professores estrangeiros a considerar adiar ou atrasar viagens pessoais fora dos EUA “por precaução”.

Fonte: Folha de São Paulo

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