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O ambicioso plano do México para se tornar uma das 10 maiores economias do mundo

Mas os dois especialistas concordam que o plano traz boas expectativas para o futuro do país a curto e médio prazo.

Durante a apresentação do chamado Plano México, a presidente enumerou 13 grandes metas e definiu prazos e ações do governo para atingi-las:

Sheinbaum também apresentou uma lista de 15 datas-chave imediatas para a implementação das novas ações, entre janeiro e abril deste ano.

“Saímos de uma época em que o planejamento não era necessariamente o eixo central de uma visão”, destacou ela.

Parte do equilíbrio necessário para o desenvolvimento geral do país, saindo do enfoque sobre a região de fronteira com os Estados Unidos, é a definição de 12 “Polos de Bem-Estar” – áreas estratégicas onde serão criadas indústrias, conforme os recursos locais.

“O objetivo […] é que todos nós nos incorporemos a esta visão do nosso país, que façamos parte, cada um dos mexicanos e mexicanas, por mais diferenças que possamos ter, de uma visão de longo prazo do nosso país”, declarou a presidente. “É para isso que estamos convidando a todos.”

Fabricado no México

O México é o principal parceiro comercial dos Estados Unidos. E a estratégia de industrialização de Sheinbaum é manter o país como fornecedor para o grande mercado norte-americano.

Mas um dos principais destaques do Plano México é voltar a fabricar no país produtos que, nas últimas décadas, eram trazidos do exterior, principalmente da China.

Ao longo do tempo, o país deixou de produzir o que consumia para importar produtos da Ásia. Atualmente, 10% das exportações chinesas têm como destino o México, segundo o secretário da Fazenda mexicano, Rogelio Ramírez.

“Esta queda de participação nos custou, sobretudo ao México e aos Estados Unidos – os dois países com maior população e menos ao Canadá –, muitas indústrias, muitos empregos, muita perda de atividade”, destacou ele. “Principalmente, setores completos da economia.”

Campa explica que o novo plano não prevê a substituição de importações como no passado, quando havia outro contexto. Trata-se de um novo enfoque sobre o mercado nacional.

A existência de um plano integral possibilita atingir metas como as apresentadas, explica ele, mas sua execução será fundamental.

“Parece para mim ser um plano abrangente, pois aborda aspectos como tarifas de importação específicas, um fundo de desenvolvimento para pequenas e médias empresas, investimentos em energia, investimentos mistos em infraestrutura e logística, simplificação de trâmites de investimento, aumento do número de engenheiros, a parte fiscal que facilita o nearshoring (relocalização), a construção de polos com parques industriais e a pesquisa científica”, destaca Campa.

Mas o desenvolvimento social é fundamental e precisa acompanhar o plano. Afinal, a mão de obra qualificada e aspectos básicos, como morar perto do trabalho, são essenciais para o bom desenvolvimento dos polos industriais.

“Existem casos de diretores de indústrias muito grandes que comentam sobre o déficit de moradias, que causa rotação de pessoal”, destaca ele. “E a mão de obra qualificada, às vezes, é subestimada, mas é muito importante porque evita a rotação.”

Pérez Ricart é cético sobre a disponibilidade de orçamento em valores suficientes para o investimento público da magnitude defendida por Sheinbaum.

“O plano é inovador porque apresenta um diagnóstico, metas claras e formas de atingir seu objetivo. Existe uma ideia de país”, destaca ele.

“Mas não está claro se será investido muito mais dinheiro do que já se investia em tudo aquilo.”

E Trump?

O retorno de Donald Trump à Casa Branca em 20 de janeiro gerou expectativas sobre suas futuras decisões políticas.

Pérez Ricart relembra que, diferentemente do primeiro mandato, o republicano já não tem expectativas de reeleição. Por isso, suas políticas poderão ser mais agressivas, já que ele não receia o voto de reprovação, se algo sair mal no seu governo.

O México e o Canadá – dois vizinhos e parceiros comerciais dos Estados Unidos – já foram ameaçados de tarifas de importação por problemas como a migração ou o tráfico de drogas. E a reação dos dois países frente a Washington também é motivo de expectativa.

Para Pérez Ricart, não existe um plano que possa preparar o México para o que surgir a partir da posse de Trump nos Estados Unidos.

“Não existe uma receita nem resposta adequada para Donald Trump”, destaca ele. “Aqui, ninguém tem a solução.”

“A presidente [mexicana] está fazendo o melhor que pode dentro das circunstâncias. Mas a incerteza em termos de tarifas e intervencionismo é tão grande que nada pode ser planejado.”

Mario Campa também acredita que não existe garantia de que o Plano México possa avançar conforme o previsto. Mas ele o considera um bom “instrumento de defesa e negociação” – especialmente as tarifas de importação que o México pretende impor a certos produtos industrializados da China, o que também é esperado por parte de Trump.

“O protecionismo dos Estados Unidos chegou para ficar por um bom tempo e o México precisa deste tipo de projeto, como o Plano México, como opção ‘B’ de longo prazo”, conclui ele.

Fonte: TNH1

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